Entre a comédia e a tragédia, ao estilo de Lorca
Maria João Luís montou uma peça onde o não dito é tão relevante como as poéticas palavras do original. É um espectáculo vivo.
Será a primeira e a última vez que Belisa abraça o marido. Foi preciso Dom Perlimplim morrer para tal acontecer, mas aconteceu e desse acontecimento surge a moral da peça. Uma moral hoje anacrónica, até para os mais idealistas e empedernidos crentes no amor romântico, contudo aceitável em 1928, quando o amor e o sexo já eram uma confusão embora parecesse simples, e era preciso, melhor, era fundamental contornar a censura espanhola para pelo menos insinuar a verdade no meio da hipocrisia. Seja como for, não é um dramaturgo qualquer que encerra em tragédia o que começa como uma comédia de costumes.
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