IL quer ouvir ministra e comissária das Migrações sobre apoio a associação russa de Setúbal que acolhia ucranianos

Depois da polémica com a recepção de refugiados há um ano, em Setúbal, a Edintsvo, liderada por russos, continua na lista das associações reconhecidas como ucranianas pelo Comissariado das Migrações.

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O casal Igor Khashin e Yulia Khashina continuam à frente da Edintsvo - Associação dos Imigrantes dos Países de Leste FRANCISCO ROMAO PEREIRA
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Mesmo depois de toda a polémica sobre a associação russa Edintsvo, que acolhia refugiados ucranianos em Setúbal, os inquiria sobre as famílias que ficaram na Ucrânia e fazia cópias dos documentos de identificação, esta entidade continua a ser classificada pelo Alto-Comissariado para as Migrações (ACM) como ucraniana.

Por isso, a Iniciativa Liberal quer ouvir a ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e a alta-comissária para as Migrações na Assembleia da República com carácter de urgência, de acordo com um requerimento divulgado pelos deputados liberais.

Há 14 meses, quando a Edinstvo saltou para a ribalta ao saber-se que era liderada por um casal próximo do poder russo, Igor Khashin e Yulia Khashina, que inquiria os imigrantes que acolhia sobre os familiares que tinham ficado no seu país, e copiava os seus documentos de identificação, a alta-comissária, Sónia Pereira, disse no Parlamento que só tinha conhecido o caso pela comunicação social. O caso motivou várias audições no Parlamento e até perguntas ao gabinete do primeiro-ministro sobre o nível de conhecimento dos serviços de informações acerca das actividades do casal russo, que acompanhava desde 2014.

Apesar de toda a contestação e controvérsia pública, a Edinstvo - Associação dos Imigrantes dos Países de Leste integra a listagem das associações de imigrantes reconhecidas pelo Estado português e o Alto-Comissariado justifica que a sua documentação está de acordo com a legislação portuguesa e que o casal não consta da lista europeia (de 2014) de pessoas e entidades alvo de medidas restritivas por representarem algum tipo de ameaça à Ucrânia.

A IL critica esta justificação alegando que a listagem é antiga (do tempo da invasão da Crimeia), nunca foi actualizada e as duas dezenas de pessoas são altos quadros militares, políticos ou administrativos da Rússia, e que o facto de não constarem desse registo não significa que não tenham ligações ao regime de Putin. Igor Khashin foi secretário executivo do Conselho dos Compatriotas Russos, que "obrigava a reconhecer a Crimeia como território russo", segundo a IL e foi director da Casa Russa em Lisboa, que depende do conselheiro cultural da embaixada da Rússia.

Esta não será, aliás, a única associação com indícios de ligações pró-russas na lista de representantes da comunidade ucraniana registadas no ACM, mas da Edintsvo há relatos de situações óbvias. Ao continuar legalmente ligada ao ACM, isso significa que em Março do próximo ano poderá participar nas eleições para eleger os representantes ucranianos no Conselho para as Migrações.

"É fundamental perceber quais foram as diligências efectuadas pelo ACM após as denúncias do ano passado relativas à Edintsvo, que garantias foram obtidas quanto à idoneidade do casal Khashin e ausência de ligações ao Kremlin. E quais as diligências agora efectuadas que permitiram garantir a integridade e confiança na Edintsvo que levaram à sua manutenção na listagem das associações de imigrantes que prestam apoio a ucranianos, reconhecidas pelo Estado português como tal", defende a IL.

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