Museu de Colombo e Descobrimentos na ilha do Porto Santo

Nova estrutura resulta da ampliação da antiga casa-museu do navegador. Presidente do governo regional diz que Portugal “não deve ter vergonha da sua história gloriosa”.

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Miguel Albuquerque fotografado em Maio, na apresentação das obras de requalificação do Convento de Santa Clara Maria Abranches
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O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, anunciou este sábado a criação do Museu de Colombo e dos Descobrimentos na ilha do Porto Santo, primeiro ponto da expansão portuguesa.

"O Porto Santo vai ampliar o Museu Colombo", disse o governante madeirense na sessão solene do Dia do Concelho do Porto Santo, adiantando que o objectivo é "abrir um museu que honre a história, a identidade e a singularidade da ilha como ponto de partida da expansão portuguesa".

O chefe do executivo madeirense argumentou que Portugal "não deve ter vergonha da sua história gloriosa, porque esteve em todas as zonas do mundo", revelando que todas as peças a mostrar neste núcleo museológico, algumas delas adquiridas recentemente para o efeito no mercado de leilões e antiquários, estarão relacionados com locais onde os portugueses estiveram.

"Este museu vai chamar-se de Colombo e dos Descobrimentos Portugueses", acrescentou Miguel Albuquerque, opinando que esta epopeia "não é símbolo de opressão, mas de coragem, abertura ao mundo e cosmopolitismo que ficará perpetuado" naquele espaço.

O Porto Santo tem neste momento a Casa-Museu Cristóvão Colombo, um espaço que assinala a passagem do descobridor pela ilha, onde viveu e casou com uma das filhas do capitão donatário Bartolomeu Perestrelo. Inaugurada em 1989, esta casa-museu foi reestruturado em 2004 e vê-se agora ampliada.

Albuquerque realçou também os "passos gigantescos na modernização, no progresso e desenvolvimento integral" do Porto Santo, que tem sido alvo de uma "transformação abismal" desde os anos 60.

"O objectivo é continuar a trabalhar, a dar passos importantes e cada vez mais consistentes no sentido de garantir às novas gerações qualidade de vida e acesso a tudo aquilo que têm direito", sublinhou.

Miguel Albuquerque referiu que o Porto Santo - a segunda ilha habitada do arquipélago da Madeira, com uma população de cerca de cinco mil pessoas - tem "um problema de dupla insularidade, mas é uma ilha singular", com um grande potencial de atracção. Mas, as "grandes vantagens competitivas da ilha têm de ser tratadas com grande cuidado para evitar a massificação", vincou.

Albuquerque ainda assegurou que todos os compromissos que assumiu com a população do Porto Santo vão ser cumpridos, mencionando a aposta na educação, que considerou ser "o principal desafio das ilhas neste momento", e o apoio à mobilidade com o pagamento do subsídio a ela referente.

Também referiu a importância de construir a nova unidade de saúde do Porto Santo e no objectivo de vir aumentar o número de camas no lar de idosos.

De relembrar que, em 2018, a proposta da criação de um "museu das descobertas" em Lisboa, que constava do programa de Fernando Medina para a capital, desencadeou uma intensa polémica em Portugal continental. A intenção, prontamente contestada por associações de afro-descendentes e por muitos historiadores e curadores de museus, foi por outros defendida, na esfera política e na academia, mas acabou por ficar da gaveta, pelo menos até agora.

Foi, aliás, em parte como reacção a esta ideia do executivo, que muitos viam como enaltecedora de um passado imperial, colonial, desprovida da necessária visão crítica que poria também em contexto o papel da coroa portuguesa no tráfico de seres humanos escravizados e na exploração dos territórios na Ásia e, sobretudo, em África, que se avançou com a proposta de criação de um memorial à escravatura, também por concretizar.