Fornecedor do Lidl acusado de esmagar e “atropelar rotineiramente” galinhas

Vídeo mostra testemunho de um ex-funcionário de uma quinta no Reino Unido, onde se vêem galinhas apinhadas e magoadas. As imagens podem ser consideradas chocantes.

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Vídeo mostra testemunho de um ex-funcionário de uma quinta no Reino Unido, onde se vêem galinhas apinhadas e magoadas Reuters
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Um funcionário de uma exploração intensiva em Lincolnshire, no Reino Unido, denunciou a existência de galinhas “rotineiramente atropeladas” e “esmagadas até à morte”. As imagens que Tom Herok divulgou terão sido captadas numa fábrica fornecedora do Lidl, com recurso a uma câmara oculta, entre Julho e Setembro de 2022.

Professor de Filosofia na Universidade de Lancaster, Tom Herok passou pela fábrica de produção para investigar o bem-estar de frankenchickens (aves geneticamente modificadas para crescerem mais rápido do que o normal) e diz ter vivido “uma das piores experiências da sua vida”.

“O que vi foi horrível. As galinhas nesta quinta eram rotineiramente atropeladas durante o transporte. A maioria era esmagada até à morte.”, conta num vídeo partilhado pela Open Cages, uma organização pelos direitos dos animais que está a denunciar o caso.

Além do testemunho de Tom Herok, o vídeo mostra também imagens de galinhas gravemente magoadas a serem colocadas dentro de baldes, espaços demasiado apinhados para tantos animais e conversas com outros trabalhadores, que falam sobre os maus-tratos como “parte do trabalho”.

“Lembro-me de encontrar algumas aves que ainda estavam vivas. Uma delas tinha as pernas partidas e mesmo assim tentou fugir de mim. Outras tinham sido deixadas com as entranhas de fora, desfeitas pelos pneus”, relata.

Às seis semanas, as galinhas estão “grandes o suficiente” para serem abatidas. Até lá, são, “desde o início, tratadas como lixo” e as que estão doentes são “brutalmente mortas”: “Repetidamente, tive que lhes partir os pescoços com as minhas próprias mãos.”

A Open Cages fez uma queixa às autoridades locais por “quebrarem múltiplas leis e regulamentos de bem-estar animal”, lê-se no site da organização.

Esta não é a primeira vez que um fornecedor do Lidl é acusado de maus tratos. Em Novembro de 2022, a Human League UK divulgou um vídeo onde se viam pintainhos que não se conseguiam levantar devido ao crescimento desproporcional dos músculos dos peitos e das coxas, galinhas completamente apinhadas e a debicar cadáveres de outras.

Estas imagens teriam sido captadas na Alemanha, na fábrica de produção de um fornecedor. Na altura, o Lidl Portugal disse não ter informações sobre a origem das imagens, mas condenou “veementemente os abusos demonstrados” no vídeo.

O Lidl Grã-Bretanha não respondeu às questões enviadas pelo P3. O Lidl Portugal garantiu que “o fornecedor em causa não fornece o Lidl Portugal, pois a carne de frango vendida nas lojas portuguesas é 100% nacional”.

A empresa diz estar empenhada no “desenvolvimento de normas de bem-estar animal” e diz ter, por exemplo, abolido, em 2017, “a venda de ovos frescos provenientes de galinhas criadas em gaiolas”.

Refere ainda que “todos os fornecedores de frango do Lidl Portugal possuem a certificação em Animal Welfare, que oferece garantias aos consumidores de que os animais foram mantidos em condições dignas e eticamente responsáveis”, e que estão de acordo com os “referenciais estabelecidos pelos projectos europeus Welfare Quality e Animal Welfare Indicators”.

Sobre o Better Chicken Commitment, um conjunto de critérios de bem-estar (proíbe os frankenchickens e as condições de sobrelotação, por exemplo), o Lidl Portugal diz não o assinar, pois considera ser “necessária uma ampla aliança dos vários players no mercado” para que se possa cumprir plenamente os seus requisitos até 2026. “Mas defendemos e apoiamos a implementação de iniciativas nacionais da indústria”, termina.

Joana Machado, da Abrir de Asas, refere, em comunicado, que “sempre que o Lidl Portugal é confrontado com novas provas de que os seus fornecedores europeus tratam os animais desta forma, a resposta é semelhante”. Porém, “estas investigações tornam evidente que a crueldade animal é generalizada”, conclui. A Abrir de Asas é promotora de uma petição que pede à empresa alemã que acabe com as más práticas.

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