O Governo da Islândia vai suspender o período de caça anual da baleia até ao final de Agosto em nome do bem-estar animal. As associações de protecção animal estão contentes com a decisão e esperam que este seja um passo na direcção do fim definitivo desta prática anual.
“Tomei a decisão de interromper temporariamente a caça às baleias em nome da opinião inequívoca do conselho profissional de bem-estar animal”, anunciou a ministra da Alimentação, Agricultura e Pescas, Svandis Svavarsdottir.
“As condições da lei de bem-estar animal são inevitáveis, se o Governo e os detentores de licenças não puderem garantir os requisitos de bem-estar, esta actividade não tem futuro”, sublinhou a ministra, citada pelo The Guardian, dando a entender que o fim da actividade pode estar no horizonte.
Estas declarações surgem depois de um relatório da Autoridade para a Alimentação e Veterinária da Islândia, que concluiu que o tempo necessário para matar uma baleia viola a lei de bem-estar animal do país. Uma série de vídeos publicados pelo mesmo organismo mostraram uma captura, de 2022, que durou cinco horas, escreve a EuroNews.
Islandeses contra caça à baleia
Neste momento há apenas uma empresa, a Hvalur, que se dedica à caça à baleia, mas a licença termina já este ano. Até 2020, havia outra empresa a operar, que acabou por desistir da actividade porque deixou de a considerar economicamente rentável.
A época de caça à baleia na Islândia vai de meados de Junho até Setembro e as quotas anuais permitem a caça de 209 baleias comuns, a segunda maior espécie depois da baleia-azul. Durante o mesmo período, podem ainda ser caçadas 217 baleias-anãs — uma das espécies mais pequenas.
Apesar destas quotas, o número de baleias capturadas tem diminuído porque a procura pela carne deste mamífero está também a diminuir.
As associações de protecção animal não são as únicas contra esta prática no país. A população também não se identifica com a caça à baleia, como prova um estudo publicado no início do mês.
As conclusões mostram que 51% dos islandeses são contra a caça à baleia e apenas 29% concordam que se continue.
Note-se que a Islândia já dependeu financeiramente desta indústria, mas nos últimos 20 anos o turismo cresceu — incluindo aquele relacionado com as baleias. As visitas guiadas para observação destes mamíferos têm disparado e o sector opõe-se completamente à caça destes animais.
Além da Islândia, a Noruega e o Japão são os únicos países do mundo que permitem a caça de baleias.