Os mosquitos responsáveis pela propagação da dengue, febre-amarela e zika estão a espalhar-se pela Europa, advertiu esta quinta-feira o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), alertando para um risco maior de disseminação destas doenças.

“A Europa está a experienciar uma tendência de aquecimento com ondas de calor e dilúvios cada vez mais comuns e severos, e os Verões estão mais longos e quentes. Isto cria condições mais favoráveis para espécies de mosquitos invasivas”, avisou o ECDC, no comunicado que acompanha a apresentação de um relatório sobre a propagação de doenças por mosquitos.

O ECDC apercebeu-se da disseminação, pelo norte e oeste da Europa, do mosquito tigre asiático, que é portador dos vírus da dengue e da chikungunya. Em simultâneo, durante o último ano, a espécie responsável pela transmissão da febre-amarela, zika, chikungunya e o vírus do Nilo Ocidental estabeleceu-se no Chipre “e poderá espalhar-se para outros países europeus”,adiantam os especialistas.

Durante a conferência de imprensa, a directora do ECDC, Andrea Ammon, referiu que as doenças transmitidas por estes insectos não são a única preocupação: “Pode haver uma redução nos 'stocks' de sangue”. Ammon explicou que uma vez que os vírus que originam estas doenças “também podem transmitir-se pelo sangue, se houver um surto em qualquer cidade, naturalmente vai haver uma diminuição das dádivas de sangue”.

A responsável acrescentou que nos últimos anos houve um aumento do número de espécies de mosquitos invasoras em regiões da Europa que não estavam afectadas por este flagelo sanitário. Se esta tendência continuar, alertou, é natural haver um número maior de mortes e doentes. Por isso, reforça, as autoridades sanitárias de cada país devem estar atentas e em constante coordenação com a ECDC para prevenir a propagação destes vírus.

Em 2022, 1133 pessoas adoeceram (92 morreram) com infecções do vírus do Nilo Ocidental na Europa. Deste total, 1112 contraíram a infecção em 11 países europeus — número é o mais elevado desde 2018. As infecções ocorreram em Itália (723), Grécia (286), Roménia (47), Alemanha (16), Hungria (14), Croácia (oito), Áustria (seis), França (seis), Espanha (quatro), Eslováquia e Bulgária (um cada).

Relativamente à disseminação da dengue por contágio local em 2022, 71 pessoas foram contaminadas, sendo 65 infecções na França e seis na Itália. Esse número equivale à quantidade total de europeus infectados pelo vírus entre 2010 e 2021.

As autoridades locais de cada país europeu podem prevenir a propagação destes mosquitos eliminando fontes de água estagnada utilizadas para a reprodução, utilizando pesticidas ecológicos para matar as larvas e alertando as populações. A ECDC recomenda ainda a utilização de redes mosquiteiras e a utilização de roupas que cubram a maioria do corpo, assim como repelentes.