Plano hídrico para o Alentejo aprovado em Conselho de Ministros

Entre as medidas anunciadas está a construção de uma ligação entre as barragens do Alqueva e a do Monte da Rocha e a intervenção na barragem de Santa Clara.

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Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, apresentou o plano LUSA/NUNO VEIGA
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O Governo aprovou nesta quinta-feira, em Évora, o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo, que prevê investimentos na ordem dos 993 milhões de euros. O ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, adiantou que o plano ficará agora em discussão pública. O objectivo é realizar um diagnóstico e "consagrar um conjunto que permitam reforçar a resiliência do território e identificar formas de responder ao desafio das alterações climáticas".

O plano inclui cerca de 70 medidas, 16% das quais se referem a gestão de recursos hídricos, outras 16% são para o sector urbano, cerca de 56% para o sector agrícola e 11% para o sector da indústria e turismo. Segundo Duarte Cordeiro, cerca de 30% das medidas dizem respeito ao tema da eficiência energética, 45% são medida de adaptação e 17% são medidas ambientais. O investimento será de 993 milhões de euros, 80% dos quais serão dedicados ao sector agrícola.

As medidas "mais emblemáticas", segundo o governante, são a construção de uma ligação entre as barragens do Alqueva e a do Monte da Rocha (cuja água neste momento está dedicada em exclusivo ao consumo humano) e a intervenção na barragem de Santa Clara para recuperar a quota normal da água. Duarte Cordeiro também destaca a possibilidade do desenvolvimento de duas dessalinizadoras — uma no Mira e outra em Sines.

Duarte Cordeiro indicou que a capacidade das albufeiras é considerada razoável e que ronda os 80%, mas que há regiões do país que estão sob maior stress hídrico — nomeadamente o Algarve e o Alentejo. Nas regiões de Trás-os-Montes, Tejo e ribeiras do Oeste, muito fustigadas no ano passado, o Governo tenciona "consagrar um conjunto de investimentos que permita reforçar a capacidade do território".

Segundo os estudos do Governo, o plano será capaz de reduzir em 10% os consumos de água no sector urbano e turístico. A percentagem sobe para 12% na área dos aproveitamentos hidroagrícolas colectivos.

"Descansado só ficaria se chovesse de forma abundante"

Ainda na quarta-feira, na Estação Elevatória dos Álamos, concelho de Portel​ (Évora), o primeiro-ministro António Costa tinha avisado que Portugal tinha de se preparar para viver com menos água, à conta das alterações climáticas. O líder do Executivo sublinhou que é necessário "apostar e investir fortemente na eficiência energética e na boa utilização dos recursos hídricos para podermos assegurar que há agricultura, que temos alimentação e, portanto, podemos sobreviver neste planeta".

O ministro Duarte Cordeiro acrescentou esta quinta-feira que, em Portugal, "há zonas do país cujos níveis de água nas albufeiras merecem uma atenção muito especial": o litoral alentejano e o Algarve, em particular o barlavento. "São zonas que devemos ter sob observação atenta. Temos pouca água nas albufeiras nestes territórios", alertou: "Descansado ficaria se chovesse de forma abundante no litoral alentejano e no Algarve".

Outra preocupação levantada pelo governante é o contexto de seca, sobretudo com o impacto da falta de água no solo. A seca que se regista nas zonas do Tejo, o Oeste, o Alentejo e o Algarve "tem um impacto muito significativo, nomeadamente no pasto": "Encarece muito todos os custos que os agricultores têm na alimentação dos animais e traz impactos a que o Ministério da Agricultura tem procurado responder".