Festival de circo Vaudeville Rendez-Vous a projectar o futuro

Na véspera de completar dez anos, o festival de circo contemporâneo aposta em companhias que já passaram pelo evento. Decorre de 18 e 22 de Julho nas cidades de Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos.

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"Smashed 2", regresso dos britânicos Gandini Juggling ao Vaudeville Rendez-Vous dr
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"Runa", do sírio radicado na Catalunha, Amer Kabbani, trabalho “autobiográfico" dr
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"Solos a 180º", estreia absoluta da companhia nacional Radar 360º dr
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Não raras vezes, celebrar uma efeméride desperta a tentação de evocar o passado, de exaltar a memória. A organização do Vaudeville Rendez-Vous, naquilo que podia ser um número de malabarismo, optou por desafiar a tradição e antecipar o legado. À nona edição, na véspera de assinalar o décimo aniversário, aposta no regresso de companhias que já passaram pelo festival de circo contemporâneo, num cartaz que apresenta 11 espectáculos – divididos por 28 apresentações públicas –, todos de entrada gratuita, nas cidades de Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos.

“Não queríamos deixar para 2024 o que podíamos fazer em 2023, e uma grande parte do programa verte muito a ideia de reescrita”, explicou esta manhã ao PÚBLICO Bruno Martins, um dos directores artísticos do festival organizado pelo Teatro da Didascália, companhia que também dirige. “Há sempre o foco em produzir novas criações, mas também há matéria, através de uma escrita específica, para dar um outro olhar a um espectáculo anterior. As próprias companhias estão a reflectir sobre a sua memória e o seu repertório”, completou, em declarações feitas no final da apresentação do cartaz deste ano, no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães.

Exemplo disso é o regresso da companhia nacional Radar 360º cinco anos depois, desta feita para apresentar Solos a 180º, em estreia absoluta, obra que se “apropria da cenografia de um espectáculo anterior para suscitar uma nova dramaturgia”. O espectáculo será apresentado em Barcelos a 20 de Julho, na praça de Pontevedra (19h) e dois dias depois em Braga, no museu dos Biscainhos (11h), um dos locais em estreia do festival.

Também a companhia britânica Gandini Juggling apresenta-se, quatro anos depois, no Vaudeville Rendez-Vous, com Smashed 2, que revisita a arte do malabarismo. Configura uma “reescrita de Smashed”, envolvendo, desta vez, um elenco maioritariamente composto por mulheres. “As mulheres malabaristas transportam outra energia e vamos perceber como é que este espectáculo antigo se comporta com estes novos corpos”, observou o responsável. O espectáculo tem apresentações previstas em Barcelos a 20 de Julho, no largo José Novais (22h), e no dia seguinte, à mesma hora, em Guimarães, no largo Condessa do Juncal.

Além da revisitação, o festival de novo circo e artes de rua apresenta também novos artistas como é o caso do sírio radicado na Catalunha, Amer Kabbani. Em Runa, trabalho “autobiográfico, profundo e sensível”, explora a dicotomia “de quem olha para o seu lugar de origem a partir de um ponto de vista confortável”, gerando “um conflito interno e uma tensão que não são muito comuns nas artes do circo e de espaço público”. Trata-se de uma estreia nacional, tal como En Attendant le Grand Soir, dos franceses Doux Supplice, Grasshoppers, da dupla belga Circus Katoen​, e Maña, do espanhol Manolo Alcántara.

Do cartaz do programa, que este ano recorre a criações que em comum têm a “técnica da acrobacia aérea”, constam ainda Alice Rende, brasileira, que irá apresentar Passages, a portuguesa Carmim (Joana Carmo Martins), com Coração nas Mãos, os brasileiros Nordestiny's, com Ária, e Circo Caótico, com Raiz, tudo “companhias e artistas emergentes”, assim as designou Cláudia Berkeley, directora artística do festival.

Colaboração entre municípios

Além dos espectáculos, o evento apresenta ainda masterclasses dirigidas a especialistas e alunos de artes performativas, oficinas abertas a todo o público, mesas redondas, e uma sessão de pitching dedicada a programadores nacionais e internacionais.

O festival, que no ano passado contabilizou a presença de cerca de 5500 espectadores, tem um orçamento de 217.000 euros, repartido pelas quatro autarquias do quadrilátero urbano, e apoios da Direcção-Geral das Artes e do programa Iberescena Artes Escénicas Iberoamericanas. Na apresentação do programa, os vereadores dos quatro municípios apontaram o festival como o “símbolo da colaboração” entre os territórios mais populosos do Minho.

Paulo Lopes Silva, vereador com o pelouro da Cultura em Guimarães, enalteceu que, juntos, os quatro concelhos formam “o polo cultural mais dinâmico do país” e apontou à “dimensão de valorização patrimonial” que o festival traz ao realizar-se no Verão, permitindo uma “nova leitura de espaços culturais no exterior”.

Já Elisa Braga, vereadora com o pelouro da Cultura em Barcelos – cidade que este ano terá dois novos locais de apresentação, um dos quais inserido num bairro social –, assinalou que o Vaudeville Rendez-Vous “acaba por colmatar uma falha de programação” transversal às quatro cidades ao trazer a arte circense, poucas vezes representada nos teatros municipais, ao espaço exterior e a locais “muito mais sensíveis”.

Notícia corrigida quanto à origem da companhia Nordestiny's

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