Detectados sons subaquáticos na área em que desapareceu o submersível Titan

Esforços de busca foram reorientados para “explorar a origem destes ruídos”. Socorristas estão a trabalhar contra o relógio porque o Titan pode ficar sem oxigénio quinta-feira de manhã.

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Comunicação com o submersível Titan perdeu-se quando a embarcação estava a 700 quilómetros a sul de São João da Terra Nova, Canadá Reuters/OCEANGATE EXPEDITIONS

Um avião do Canadá detectou sons subaquáticos durante as operações de busca do submersível que desapareceu quando transportava cinco pessoas para junto dos destroços do Titanic, avançou a Guarda Costeira dos Estados Unidos na madrugada desta quarta-feira.

Na sequência dos sons detectados pelo avião militar canadiano P-3, os esforços de busca foram reorientados, “numa tentativa de explorar a origem destes ruídos”, diz a Guarda Costeira numa série de tweets. As buscas com veículos telecomandados (ROV) não deram frutos, mas vão continuar.

Num novo resumo das operações de busca, pelas 18h desta quarta (hora de Lisboa), as autoridades norte-americanas afirmaram que a investigação sobre os sons registados se revelou, até ao momento, inconclusiva. "Para ser honesto, não sabemos o que são", disse Jamie Frederick, comandante da Guarda Costeira dos EUA. Reforçou ainda que é preciso "manter a esperança" e que esta é uma "missão de busca e salvamento".

Sobre quando terminarão as buscas, Jamie Frederick preferiu não fazer previsões. "Por vezes estamos numa posição em que temos de tomar decisões complicadas", afirmou. "Ainda não chegámos aí."

Os socorristas estão a trabalhar contra o relógio porque, mesmo nas melhores circunstâncias, o submarino Titan pode ficar sem oxigénio na quinta-feira de manhã. Numa conferência na tarde de terça-feira (por volta das 18h na hora de Lisboa), a Guarda Costeira informou que apenas restarão cerca de 40 horas de oxigénio no veículo.

O anúncio da Guarda Costeira acontece horas depois de vários meios de comunicação norte-americanos, citando memorandos internos do Governo, avançarem que foram detectados “sons de batidas” em intervalos de 30 minutos por equipas que procuram o submersível. Nesta altura, uma organização de exploradores disse também entender que foram detectados “prováveis ​​sinais de vida”.

Para além de um conjunto internacional de navios e aviões, um robô subaquático começou a fazer buscas nas imediações do Titanic e está tudo a postos para o envio de equipamento de salvamento para o local, no caso de o submarino ser encontrado.

Três aviões de transporte C-17 das Forças Armadas norte-americanas foram utilizados para transportar submersíveis comerciais e equipamento de apoio. As Forças Armadas canadianas disponibilizaram um avião de patrulha e dois navios, tendo ainda lançado bóias de sonar para detectar quaisquer sons do Titan.

Num comunicado emitido na noite de terça-feira, o Explorers Club – que lista o bilionário britânico desaparecido Hamish Harding como membro fundador do seu conselho de curadores – agradeceu a todos os envolvidos ​​pelos esforços de resgate. “Temos muito mais confiança de que há sinais para ter esperança, com base em dados de campo. Sabemos que prováveis ​sinais de vida foram detectados no local”, disse.

Reserva de oxigénio de quatro dias

O submersível tinha uma reserva de oxigénio de quatro dias quando se fez ao mar, na manhã de domingo, segundo David Concannon, conselheiro da OceanGate Expeditions, que supervisionou a missão.

O jornalista da cadeia televisiva norte-americana CBS News David Pogue, que viajou até ao Titanic a bordo do Titan no ano passado, disse que o veículo usa dois sistemas de comunicação: mensagens de texto trocadas com um navio de superfície; e barulhos de segurança que são emitidos a cada 15 minutos para indicar que o submersível ainda está a funcionar.

Ambos os sistemas pararam uma hora e 45 minutos depois de o Titan ter submergido, no domingo, indicou a empresa OceanGate Expeditions, proprietária da embarcação e organizadora das viagens aos destroços do Titanic. “Isto significa uma de duas coisas: ou eles perderam toda a potência eléctrica ou o submersível abriu uma brecha no casco e implodiu instantaneamente. Ambas são desoladoras”, disse Pogue.

Na terça-feira, a França anunciou que o instituto Ifremer de ciências oceânicas enviou um navio, o Atalante, equipado com um robô subaquático, o Victor 6000, para procurar o submersível. Este robô deve chegar ao seu destino esta quinta-feira e mergulhar até uma profundidade de cerca de 4000 metros para realizar operações de busca.

Os destroços do Titanic — que se afundou após colidir com um iceberg em 1912 — estão a uma profundidade de cerca de 3800 metros e a uma distância de aproximadamente 640 quilómetros a sul da ilha canadiana de Newfoundland.

A comunicação perdeu-se quando o submarino estava a cerca de 700 quilómetros a sul de São João da Terra Nova, segundo o Centro de Coordenação de Salvamento Conjunto do Canadá, citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press.