Quando é que está demasiado calor para o teu cão? Eis como saber

É simples: se estiver demasiado calor para ti, também está para ele. Aparar-lhe o pêlo no Verão pode ajudar, mas cuidado com as queimaduras solares.

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Quando é que está demasiado calor para o teu cão? Eis como saber Darya Skorokhod/Unsplash
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As altas temperaturas podem ser perigosas para os nossos amigos caninos. Os humanos suam pelo corpo todo, mas os cães só o fazem através das almofadas plantares (nas patas), o que não é muito útil quando o objectivo é libertarem-se do calor.

Assim sendo, quando é que está demasiado calor para levares o teu cão a passear?

Na verdade, depende do animal e dos factores de risco que tenha (mas falaremos sobre isso mais à frente). Para mim, quando o termómetro marca 33℃ começo a ponderar se devo ou não levar os meus cães para o exterior e tento pensar em locais mais frescos que possamos visitar.

Se o teu animal for mais velho ou mais pesado, é melhor não o levares a passear quando estão mais do que 30℃. Além disto, podem ter problemas em dias muito húmidos, o que é algo para teres em consideração.

Eis o que precisas de saber para cuidares do teu cão num dia quente.

Quais são os factores de risco?

O principal mecanismo de arrefecimento de um cão é a respiração ofegante, que faz passar o ar através das cavidades do nariz e da boca e sobre os canais que aí se encontram. Isto, tal como acontece com o suor na nossa pele, permite o arrefecimento por evaporação, mas acontece no interior e não no exterior.

A área de superfície também é muito mais pequena do que a da nossa pele, pelo que os cães não são tão bons a libertar o calor do corpo como os humanos.

Se o animal tiver excesso de peso pode ter mais dificuldade em manter-se fresco. Da mesma forma, um cão que tenha doenças de saúde crónicas, como por exemplo cardíacas, também pode sofrer mais riscos. Os muito jovens ou idosos podem ter mais problemas com a regulação da temperatura.

Os cães que tiveram a oportunidade de se habituarem a temperaturas mais quentes durante, pelo menos, um mês são menos susceptíveis à angústia provocada pelo calor. E como parte do arrefecimento acontece nas cavidades nasais, os de rosto curto têm menos estruturas de arrefecimento e são mais predispostos ao stress provocado pelo calor.

Por sua vez, cães com narizes compridos têm mais área de superfície nas cavidades nasais para se arrefecerem e, consequentemente, são teoricamente mais resistentes ao stress provocado pelo aumento da temperatura. Contudo, tudo isto depende de cada animal e do seu historial.

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Os cães de focinho curto têm mais dificuldade em suportar o calor Christopher Ayme/Unsplash

O pêlo dos cães tem um papel importante. Será que o devemos aparar?

Normalmente, os cães de maior porte ou mais pesados perdem calor mais lentamente do que os mais pequenos, como acontece em todo o reino animal. Exemplo disso são as espécies de pinguins mais pequenas que tendem a estar em climas mais quentes, enquanto as maiores permanecem em regiões mais frias.

Da mesma forma, os cães de zonas mais frias têm um pêlo pesado e isolador, ao passo que os de climas mais quentes têm um pêlo fino que ajuda a perder calor rapidamente.

Será que o teu cão ficaria mais fresco se o tosquiasses no Verão?

É verdade que o isolamento funciona nos dois sentidos: o ar frio ou quente fora do corpo não consegue penetrar facilmente num pêlo espesso e afectar a temperatura interna. No entanto, um cão está sempre a produzir calor corporal, especialmente quando está activo ou entusiasmado, e este calor interno pode dissipar-se lentamente através de um pêlo espesso.

Para muitos dos que são saudáveis e têm pêlo grosso, a tosquia evita emaranhados e subpêlo morto durante os meses mais quentes. Também reduz as propriedades de isolamento do pêlo e cortá-lo mais curto pode ajudar a que fiquem rapidamente (e se mantenham) mais frescos.

Além disto, também podes ponderar tosquiar a barriga e as virilhas do teu cão até ficarem bem curtas. Isto não ajuda muito quando ele estiver activo, mas facilita quando se deita numa superfície fresca. Ainda assim, tem cuidado para não o cortares demasiado curto nas zonas superiores, uma vez que a pele pode ficar exposta a queimaduras solares.

"Pergunta" ao teu cão como é que ele está

Devemos sempre "perguntar" ao cão como é que ele está e os sinais que indicam que está demasiado quente incluem:

  • Respiração muito ofegante durante os meses mais quentes, mesmo quando está parado;
  • Parecer apático e relutante em fazer exercício;
  • Procurar refrescar-se com frequência quando se molha ou deita num chão frio de azulejos ou madeira, com o máximo contacto possível com a pele.

Também é importante que tenhas sempre em conta as seguintes regras de ouro:

  • Se está demasiado calor para ti, provavelmente está demasiado calor para o teu cão;
  • Certifica-te que tem água disponível para beber ou para mergulhar o corpo quando estiver activo em dias quentes;
  • Conhece a respiração dele. Geralmente, os cães estão ofegantes durante um curto período de tempo e depois param durante algumas respirações até recomeçarem novamente. Se o teu estiver constantemente assim, pode estar a lutar para se manter fresco;
  • Se já não conseguir segurar uma bola ou um brinquedo, espumar pela boca por não conseguir engolir facilmente ou tiver dificuldade em beber por estar ofegante, leva-o para uma sombra e deixa-o descansar. Além disto, monitoriza os sinais de stress térmico;
  • Estes sinais incluem: vómitos, diarreia, fadiga, instabilidade nas patas ou coxear. Se os detectares leva-o imediatamente ao veterinário, uma vez que as lesões provocadas pelas altas temperaturas podem ser mortais;
  • Escolhe locais com sombra e frescos para que o teu animal possa correr se estiver calor. Vai passeá-lo de manhã cedo ou ao fim do dia quando a temperatura estiver mais baixa. Normalmente as manhãs são mais frescas do que os finais de tarde;
  • Por último, a falta de fluxo de ar nos automóveis pode transformar os animais em fornos mortais em poucos minutos mesmo que as janelas estejam abertas. Por isso, nunca deixes o teu sozinho, mesmo que seja por alguns minutos.

Exclusivo P3/The Conversation
Melissa Starling é investigadora pós-doutorada na Universidade de Sydney, na Austrália

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