As armas nucleares tácticas na Bielorrússia e a segurança europeia

Vale a pena um Estado investir enormes recursos para se dotar de armas nucleares que nunca irá usar? A questão volta a surgir com a guerra da Ucrânia, pois a Rússia tem o maior arsenal do mundo.

Ouça este artigo
--:--
--:--

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

1. A arma nuclear contém um enorme paradoxo. Por um lado, é a arma mais temível que o ser humano alguma vez inventou. Por outro lado, o seu enorme potencial destrutivo da vida humana e da habitabilidade do planeta implica que nunca seja usada. Mas daqui decorre uma interrogação óbvia: qual o valor militar e de segurança de uma arma que é suposto nunca ser usada? Vale a pena um Estado investir enormes recursos financeiros, tecnológicos e humanos para se dotar de armamento nuclear que, depois, nunca irá usar? A questão voltou a surgir no caso na actual guerra da Ucrânia, pois a Rússia tem o maior arsenal nuclear mundial. O argumento estratégico racional para ter armas nucleares é o do seu poder de dissuasão, que aumenta a autonomia estratégica dos que a possuem. Tem um tal poder de intimidatório que acaba por inibir drasticamente adversários e inimigos. O objectivo é levar o inimigo a não agir militarmente, ou a restringir drasticamente a sua actuação, devido ao elevadíssimo custo que suportaria mesmo tendo sucesso. Por outras palavras, segundo a teoria da dissuasão, as armas nucleares são peças de um jogo político-militar-estratégico de credibilidade da ameaça, mas não para serem utilizadas. Nesse jogo, a sua existência e vontade publicamente demonstrada de as utilizar são fundamentais.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.