Selecção nacional já passou três níveis e ainda tem as “vidas” todas

Frente à Islândia, Portugal poderá enfrentar dificuldades semelhantes às sentidas com a Bósnia. Martínez não disse se mudará jogadores, mas confirmou que Ronaldo vai cumprir o jogo 200 pela selecção.

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Jogadores de Portugal treinam no Jamor LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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Nos videojogos a dinâmica clássica é os níveis irem crescendo de dificuldade. Para Portugal, a qualificação para o Euro 2024 é muito semelhante a um videojogo. E a selecção masculina de futebol está a jogá-lo como deve ser.

É discutível se a Bósnia é melhor do que a Islândia – o último resultado entre as equipas sugere que sim, mas a tarimba em grandes competições diz-nos que não.

Mas ainda que futebolisticamente – e até no ranking – os principais adversários de Portugal sejam três equipas de níveis semelhantes, há dados recentes que permitem que as ordenemos na medida crescente do calendário, até pela dinâmica casa/fora.

Primeiro, veio o Liechtenstein. Depois, um nível acima, o Luxemburgo. A seguir, as tais três. Inicialmente, um pouco mais difícil, apareceu a Bósnia, em casa, com triunfo há três dias. Nesta terça-feira, sobe-se a um patamar teoricamente um pouco mais elevado – visita à Islândia, fora de casa –, antes do último nível: a Eslováquia.

Até ver, Portugal não gastou nenhuma das suas “vidas” neste “videojogo”.

Mais do mesmo?

Em Reiquiavique, a selecção vai ter, em teoria, um desafio semelhante ao que teve frente aos bósnios, mas com a dificuldade acrescida de jogar lá bem em cima, na ilha.

Roberto Martínez, seleccionador nacional, não crê que jogar fora seja um problema pelas condições do relvado ou do tempo. “Estão dez graus e [o] relvado [tem] boa qualidade. Condições não são difíceis. A temperatura do balneário é mais importante do que a temperatura ambiente”, apontou, na antevisão da partida.

Resta, então, olhar para o futebol propriamente dito. É provável que os nórdicos apresentem três centrais – como a Bósnia. É provável que os dois alas funcionem como laterais, numa linha de cinco – como a Bósnia. É provável que exista um bloco médio-baixo – como a Bósnia. E é também provável que a uma presença ofensiva pouco relevante se junte uma parca pressão à primeira fase de construção portuguesa – como a Bósnia. Em tese, deverá ser um jogo de preceitos semelhantes e com dificuldades parecidas.

Roberto Martínez não abordou estas dinâmicas islandesas e não deixou claro que diferenças vê entre esta equipa e a Bósnia, mas apontou que os islandeses são muito fortes nas bolas paradas: “Conheço a Islândia muito bem, porque jogámos duas vezes com eles [pela Bélgica] e é muito equilibrada e com boa organização defensiva. E é muito boa na bola parada”.

Apesar dos elogios de Martínez, é preciso ter em conta que o passado da Islândia, sobretudo entre 2016 e 2018, não é igual ao presente. A equipa deixou de ter tantos jogadores em campeonatos de topo, perdeu algumas referências e tem, por estes dias, um plantel bastante mais jovem. E mudou de treinador.

Já no decorrer desta qualificação houve alteração no líder, que é agora o norueguês Age Hareide. O que significa isto na prática? Não muito. A única amostra é a derrota (2-1) frente à Eslováquia, pelo que há poucas referências sobre o que poderá ter mudado – o que mais salta à vista é a predisposição para ter a bola, mas mesmo isso já se tinha visto frente à Bósnia, ainda com o anterior técnico.

Alterações? Sim, não, “nim”

No lado de Portugal não ficou claro se vão existir alterações no “onze”. Confirmada está apenas a presença de Cristiano Ronaldo – Martínez concedeu essa informação, apesar de reconhecer que não costuma fazê-lo.

“Normalmente quem vem à conferência de imprensa joga”, disparou, entre risos. E acrescentou: “Amanhã é um dia muito especial: Ronaldo será o primeiro a poder chegar aos 200 jogos. E vai jogar.”

De resto, Martínez não abriu o jogo. Apontou que o momento desta janela de selecções tem jogadores com muito desgaste físico, mas não avançou alterações. Disse, por um lado, que “é difícil variar muito, porque os jogadores são os mesmos” e que “a intenção não é fazer variações por fazer”, mas apontou: “Se precisarmos, temos dois jogadores por posição.O treino foi cheio de energia e força e quando jogas duas partidas em 72 horas é importante a força do balneário”, acrescentou.

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