Juros do BCE: aposta dos mercados aproxima-se dos 4%

Se, antes da última reunião do BCE, a expectativa era a de que as taxas de juro parassem de subir nos 3,75%, agora aquilo que se espera são valores já perto de 4%

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Christine Lagarde, presidente do BCE EPA/RONALD WITTEK
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Depois da reunião da passada quinta-feira, em que os responsáveis do Banco Central Europeu (BCE) decidiram mais uma subida das suas taxas de juro de referência e Christine Lagarde deixou claro que novas subidas ocorrerão nos próximos meses, os investidores têm respondido nos mercados com uma expectativa de endurecimento da política monetária mais forte do que antes tinham. Ainda assim, as taxas de juro da dívida portuguesa têm-se mantido estáveis.

Esta segunda-feira, os futuros das taxas de juro de depósito do BCE apontavam nos mercados para uma taxa de juro terminal de 3,9%. Este indicador representa o valor máximo que, em média, se espera que a taxa de juro de depósito do BCE pode vir a atingir no actual ciclo de endurecimento da política monetária.

Até à passada quinta-feira, este indicador tinha estabilizado em torno dos 3,75%. Mas depois de o banco central ter elevado a sua taxa de juro de depósito – que é actualmente a principal referência para os custos de financiamento na zona euro – de 3,25% para 3,5% e a sua presidente, Christine Lagarde, ter afirmado que em Julho uma nova subida seria “muito provável”, havendo ainda “um caminho a percorrer” pelo BCE nas medidas que tem de tomar para controlar a inflação, as expectativas alteraram-se.

Agora, em vez de esperarem apenas mais uma subida de taxas, os investidores apostam, em média, que o BCE faça mais duas, colocando a taxa de juro de depósito em torno dos 4%.

Esta alteração de expectativas também tem implicações imediatas para a evolução das Euribor, as taxas de juro que servem de indexantes para a maioria dos créditos à habitação concedidos pelos bancos às famílias portuguesas. Na sexta-feira, no dia a seguir à reunião do BCE, as Euribor subiram em todos os prazos, sendo que a 12 meses, o prazo mais longo, superaram os 4%, mostrando mais uma vez que nos mercados se está agora à espera de que o BCE vá mais longe nas medidas que toma para combater a inflação. Já esta segunda-feira, as taxas Euribor voltaram a subir para novos máximos a seis e a 12 meses.

No mercado da dívida pública, os efeitos da última reunião do BCE são menos evidentes. As taxas de juro das obrigações de longo prazo emitidas pelos Estados da zona euro têm registado nos últimos dias variações muito ligeiras. No caso de Portugal, a taxa de juro da dívida a dez anos esteve, na manhã desta segunda-feira, a um nível praticamente igual ao do fecho da passada quarta-feira, o dia antes do encontro dos responsáveis do BCE. Na quarta-feira, este indicador era de 3,139% e agora, segundo dados da agência Reuters, encontra-se nos 3,132%.

Para além de subir as taxas de juro de referência, o BCE vai ainda, a partir de 1 de Julho, deixar de reinvestir qualquer dos títulos de dívida pública que adquiriu no programa de aquisição de activos e que chegam ao final do seu prazo, uma medida que reduz a procura no mercado de dívida europeu.

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