A mostra dos invisíveis por Marco Martins
O mundo do trabalho é bem conhecido do autor, encenador e realizador, que, com aguçada curiosidade e considerável clareza, criou já um conjunto relevante de obras.
O confinamento deu-lhes alguma visibilidade, quando nos jornais e principalmente na televisão e na internet surgiram as primeiras imagens de comboios e autocarros e barcos a transbordar de pessoas, trabalhadores que enfrentavam a pandemia sem distanciamento social por não terem alternativa e por o seu serviço ser, como se disse então, essencial. Afinal é sempre preciso que alguém trate dos doentes e das crianças, que os espaços sejam limpos, a roupa passada a ferro, os alimentos repostos nas prateleiras dos supermercados, as caixas registadores ocupadas, as entregas ao domicílio realizadas… Foi quando muitos deram por eles e viram uma multidão de gente muito mal paga, obrigada a horas entre a casa e o trabalho; arriscando a vida, muitas vezes sem qualquer vínculo laboral nem existência legal, para que a vida continuasse. Depois, a pandemia passou, e deixámos de os ver, como se a sua presença fosse apenas um episódio do pesadelo. No entanto, mesmo que outra vez invisíveis, eles andam aí.
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