Solarística aplicada

Classificar algo não é o mesmo que torná-lo inoperante, e um problema não costuma preocupar-se muito com o seu baptizado. O racismo não é errado por se chamar racismo; é errado por ser errado.

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No segundo capítulo de Solaris, de Stanislaw Lem, o protagonista, Dr. Kelvin, sente-se subitamente desconfortável ao explorar uma estação espacial. Algo grave pode ou não ter acontecido, e Kelvin ainda não sabe bem o quê, embora desconfie que esteja relacionado com o misterioso corpo celeste que a estação orbita e que dá título ao romance: um planeta oceânico, estudado há décadas por seres humanos, e que tem a capacidade de afectar tudo o que o rodeia. O súbito acender de uma luz (activada por fotocélula) fá-lo estremecer e Kelvin reage com um gesto inadvertidamente cómico: puxando um livro de uma estante, e começando a ler (a reler, na verdade) uma resenha histórica do planeta, preenchida por várias pessoas a discutir umas com as outras sobre o que Solaris é e o que significa.

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