À procura de canções para o Antropoceno

De Mercy mercy me (The ecology), de Marvin Gaye, a Wheels of confusion, dos Black Sabbath.

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Wheels of confusion: Ozzy Osbourne desesperado, à beira do choro fin Costello/Redferns
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Embora o céu ainda se pintasse de azul, o vidro e o cimento ardiam, incandescendo a rua com uma luz suja. Parecia irreal a cena e, no entanto, o corpo não me mentia. Fugi para a sombra, e lá aguardei pela brisa do Atlântico. “Agosto, canícula, onda de calor, os Verões no Alentejo”, fui escutando, com vontade, os mais velhos. Sosseguei-me, sem deixar de me perguntar: e se estes dias se tornarem mais frequentes? Se o Verão se transformar naquela tarde? Longe dos meus 13 anos ainda permaneciam a palavra Antropoceno e as expressões “crise climática” ou “aquecimento global”. Felizmente, os dias seguintes voltaram, devagar, ao clima temperado do país. E tudo não teria passado de uma imagem, de uma alucinação provocada por uma experiência excepcional.

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