PCP insta “intervenientes na guerra” a sentarem-se à mesa das negociações
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, participou numa marcha pela paz, organizada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu, este sábado, que “os intervenientes na guerra” da Ucrânia devem sentar-se à mesa das negociações, num desfile em Lisboa em que centenas pediram “paz sim, guerra não”.
A iniciativa com o mote “Parar a guerra, dar uma oportunidade à paz”, foi organizada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação e contou com o apoio de outras organizações, entre as quais a CGTP.
Uma delegação do PCP, encabeçada pelo secretário-geral, Paulo Raimundo, marcou presença para manifestar a sua solidariedade.
Em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo considerou que “esta é uma questão fundamental nos dias que correm”.
“Nós estamos numa situação em que a guerra alastra no mundo inteiro: na Síria, no Sudão, na Palestina, no Iémen, na Ucrânia, com uma dimensão que conhecemos todos, e aquilo que se coloca neste momento é criar todas as condições para pôr fim à guerra e dar uma oportunidade à paz, que é o apelo desta iniciativa”, apontou, defendendo que “a solução para os povos não é a guerra, não é instigar a guerra, é a paz”.
O líder comunista apelou para que sejam feitos “todos os esforços” para “obrigar aqueles que são intervenientes na guerra, nomeadamente a NATO, os Estados Únicos da América, a Ucrânia e a Federação Russa para se juntarem à mesa para encontrarem uma solução pacífica para o conflito”.
Na opinião de Paulo Raimundo, “não há alternativa a isso, a alternativa a isso é continuar a instigar uma guerra” e questionou “quantos mais milhares de mortos são necessários e quanta mais destruição é necessária para se perceber que o caminho é exactamente esse, obrigar os intervenientes na guerra a sentarem-se à mesa e encontrar os caminhos da paz”.
O secretário-geral do PCP criticou também a postura da União Europeia, considerando que não adoptou qualquer “iniciativa de paz”.
“Temos da Indonésia, de países africanos, do Brasil, China, do Vaticano, e não vemos uma única iniciativa de paz por parte da União Europeia, que é uma coisa extraordinária”, afirmou.
Quanto ao Governo português, Raimundo instou a cumprir “aquilo a que a Constituição o obriga, que é o papel do Estado português, é garantir todos os caminhos para alcançar a paz”.
O desfile arrancou do Largo Camões e terminou na Praça do Município, tendo na frente uma faixa onde se lia “parar a guerra, dar uma oportunidade à paz”.
Os participantes gritavam palavras de ordem como “a paz é um direito, sem ela nada feito”; “paz sim, guerra não”; “para a guerra vão milhões, para os povos só tostões”; “somos muitos, muitos mil, pela paz e por Abril” ou ainda “guerra, sofrimento, fim ao armamento”.
E empunhavam cartazes e faixas onde se lia “cumprir Abril, defender a paz”; “fim do bloqueio dos EUA a Cuba”; “solidariedade com os povos em guerra”; “por uma Palestina livre e independente, fim da ocupação”; “parar a guerra”; “conflitos a escalar, é sempre o povo a pagar”; “saúde a definhar e a NATO a engordar”, ou ainda “são os povos a pagar as sanções”.
Também presente na iniciativa, a secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP Intersindical), Isabel Camarinha, manifestou solidariedade para com os “trabalhadores e povos vítimas da guerra”, defendo que os conflitos “não servem os trabalhadores” e têm “de acabar”.
A líder sindical considerou também que a resposta “passa pelo apelo à responsabilidade” e “procura de soluções pacíficas”.
Ilda Figueiredo, presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação e membro do Comité Central do PCP, argumentou que “os povos querem a paz, não a guerra, não a destruição, sofrimento e todos os problemas que a guerra traz, como as mortes, ferimentos, as deslocações de milhões de pessoas”.
Em declarações à Lusa, a dirigente considerou que “é preciso que, em vez da instigação da corrida aos armamentos, haja uma aposta decisiva na diplomacia, na via do diálogo, da negociação, porque nenhuma guerra acaba só com as armas”.
Ilda Figueiredo apelou ainda para que as verbas sejam canalizadas “para melhorar as condições de vida das populações”, considerando que “estão a sofrer os povos da Ucrânia, da Rússia, mas também os povos da Europa, incluindo o povo português”.