Líder do PSD diz que tragédia de Pedrógão Grande não pode ser esquecida
Secretário-geral do PSD criticou o Governo por ter nacionalizado o Fundo Revita, criado para apoiar a reconstrução e reabilitação das áreas afectadas pelos incêndios de 2017.
O presidente do PSD considerou, este sábado, que o “país não pode esquecer” os incêndios que deflagraram em Pedrógão Grande, e provocaram a morte de 66 pessoas, no dia em que passam seis anos desde a tragédia.
Numa publicação na rede social Twitter, Luís Montenegro endereça a sua “mais profunda solidariedade às vítimas e famílias de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera”.
“Assinalam-se hoje seis anos e o país não pode esquecer”, salienta o social-democrata.
Os incêndios que deflagraram em 17 de Junho de 2017 em Pedrógão Grande, e que alastraram a concelhos vizinhos, provocaram a morte de 66 pessoas, além de ferimentos noutras 253, sete das quais graves. Os fogos destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
A maioria das vítimas mortais foi encontrada na Estrada Nacional (EN) 236-1, que liga Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, junto à qual foi erguido um memorial da autoria do arquitecto Eduardo Souto Moura.
Em Outubro do mesmo ano, outros incêndios na região Centro provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos, registando-se ainda a destruição, total ou parcial, de cerca de 1500 casas e mais de 500 empresas.
Nacionalização do fundo Revita
Por seu lado, o secretário-geral do PSD criticou, este sábado, o Governo por ter nacionalizado o Fundo Revita, criado para apoiar a reconstrução e reabilitação das áreas afectadas pelos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera.
Numa visita esta manhã à Associação de Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande (AVIPG), no dia em que passam seis anos sobre os fatídicos fogos, que ceifaram 66 vidas, o Hugo Soares salientou que existe muito por recuperar nos territórios afectados, que devia utilizar aqueles donativos.
“O Revita é um fundo com dinheiro, com tantas carências para suprir [nestes territórios] e soubemos agora que foi alvo de uma espécie de governamentalização, retirado de quem aqui pode decidir e sabe quais são as principais necessidades”, disse. Segundo o dirigente social-democrata, esta é uma “preocupação dos autarcas, da AVIPG e do PSD, que o Governo deve explicar”.
“Se não houvesse carências e o fundo não tivesse dinheiro, isto poderia ter alguma lógica, agora quando há dinheiro dos cidadãos e das empresas e muitas carências por suprir, é inacreditável que esse dinheiro não possa ser usado para aquilo que foi doado”, sublinhou.
Hugo Soares lamentou que, seis anos depois, continuem por resolver o ordenamento da floresta e a cobertura de rede móvel, que deixa a população com um sentimento de medo e insegurança, e a reconstrução das habitações destruídas.
“Não posso sair daqui satisfeito, quando ouvimos, ano após ano, as reivindicações do muito que há por fazer e recuperar nestes territórios”, disse.
O secretário-geral do PSD justificou a visita a Pedrógão Grande com a homenagem às vítimas e a necessidade de alertar o poder político para o que está por fazer, procurando que “a tragédia não se volte a repetir”.
Segundo informação disponibilizada no seu sítio na Internet, o Revita, criado pelo Governo, é “de âmbito social, com o objectivo de gerir os donativos entregues no âmbito da solidariedade demonstrada, em estreita articulação” com aqueles três municípios.
Aderiram ao Fundo Revita 66 entidades, com donativos em dinheiro, bens e prestação de serviços. “Os donativos em dinheiro ascendem a 5.446.296,31 euros”, refere o 19.º relatório do fundo, de Junho de 2022 (o último disponível online), explicando que, “atendendo à dimensão das responsabilidades assumidas”, o Ministério da Solidariedade e Segurança Social “reforçou o financiamento do Fundo Revita em 2.500.000 euros, que acrescem ao valor mencionado”.
Neste relatório, lê-se ainda que o fundo tinha “o montante de 1.396.431,09 euros, registado em caixa e depósitos bancários”, relativos a “donativos em dinheiro recebidos até 30 de Junho de 2022”, o mesmo valor do mês de março anterior.
Em Maio, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), que integra, entre outros municípios, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, opôs-se à “nacionalização” do Revita.
“O facto de a Direcção-Geral do Orçamento pretender alocar para a esfera do Estado um fundo humanitário e de natureza privada não é mais do que uma nacionalização dos donativos dados por pessoas e entidades após aqueles incêndios”, disse à agência Lusa Paulo Batista Santos, membro do Conselho de Gestão do Fundo Revita em representação daquelas Câmaras e 1.º secretário executivo da CIMRL.