Provas finais de 9.º ano arrancam nesta sexta-feira com a de Matemática e voltam a contar para nota

“Será fundamental que provas voltem a ter peso na classificação final”, defende Sociedade Portuguesa de Matemática. Já a Associação de Professores de Matemática diz que deveriam ser “de aferição”.

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Exame de Matemática do 9.º ano com início marcado para as 9h30 Nelson Garrido
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Os alunos do 9.º ano de escolaridade são nesta sexta-feira chamados a realizar a prova final de Matemática. Este ano, as regras voltam ao que eram antes da pandemia de covid-19, depois de terem sido canceladas temporariamente. Ou seja, os resultados que os estudantes obtiverem nos testes voltam a ter efeitos nas classificações finais da disciplina. Para a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), “é determinante existirem estas provas finais de ciclo”.

A vice-presidente da SPM, Isabel Hormigo, defende a importância de "ter dados sobre os desempenhos dos alunos". "É importante organizar o que ficou desorganizado no pós-pandemia. E, neste sentido, será fundamental que as provas finais voltem a ter peso na classificação final da disciplina de Matemática", sublinha a também professora. Mas a Associação de Professores de Matemática (APM) não tem a mesma opinião. "Num contexto em que os programas de Matemática do Ensino Básico do 8.º e 9.º ano ainda são extensos e excessivamente abstractos, a generalidade dos professores duvida que os alunos estejam em condições normais. Este ano o exame ainda deveria pois ter carácter de aferição", respondeu Joaquim Pinto, presidente da APM.

Apesar de terem regressado há já um ano, as provas finais de 9.º ano não tiveram impacto nas notas. A decisão do Governo de que os jovens prestassem provas em 2022 foi justificada com a necessidade de aferir os impactos da pandemia nas aprendizagens. Os resultados conhecidos um mês depois da prova mostraram que mais de metade dos alunos do 9.º ano teve negativa no exame de Matemática.

Ao PÚBLICO, Isabel Hormigo frisa que "sem estes momentos de avaliação os alunos perdem de vista as referências sobre os desempenhos que deles são esperados e, também, sem estes, perdem naturalmente a regularidade e o foco no estudo". "Estas provas imprimem um incentivo à melhoria da sua aprendizagem, tão necessária neste momento."

Por isso, entende ser prudente considerar que não se podem "esperar melhorias nos desempenhos dos alunos se se abdicar da intencionalidade que existiu ao estabelecer estas provas", caracterizando-as como um "estímulo".

Por outro lado, e em sintonia com a justificação do Governo de há um ano, a vice-presidente da SPM recorda a importância que estes testes finais têm no sentido de dar informação sobre a evolução da aprendizagem dos alunos. "E se este aspecto já era importante antes da pandemia, ao descontinuar-se as provas finais perdeu-se a informação sobre a evolução da aprendizagem nesse período – indicador-chave para o estabelecimento de uma intervenção mais intencional nas escolas no pós-pandemia", explica.

Quanto à preparação dos alunos para prestar provas, e como já tinha referido há cerca de dois meses, para a SPM, "provavelmente, [os alunos] não terão a mesma preparação que os alunos que fizeram provas antes de 2019".

"Infelizmente, nos últimos anos houve perturbações no ensino, por um lado com a pandemia, com a acentuada falta de professores ou com a inexistência de aulas. Por outro, não menos importante, as inoportunas revoluções nos programas de matemática e as alterações na avaliação que desestabilizaram o empenho dos alunos retiraram o foco do que era urgente trabalhar", recorda Isabel Hormigo.

Também a APM sublinha a falta de preparação dos alunos. O Plano de Recuperação de Aprendizagens "foi considerado positivo mas insuficiente", critica Joaquim Pinto. "Se tudo tivesse voltado à normalidade tal plano não seria necessário e os exames poderiam decorrer normalmente. Lamentamos que as disciplinas objecto de exame sejam objecto desta pressão (também mediática) criando sentimentos negativos sobre a disciplina de Matemática (e outras objecto de exame este ano)", acrescenta. Aliás, a APM sublinha que os professores "estão divididos" sobre se faz sentido manter estas provas. Uns acham que "é demasiado cedo" fazer exames destes aos 14-15 anos e outros consideram que "acaba por ser uma prova homogeneizadora dos conhecimentos e capacidades a este nível etário".

A prova de Matemática decorre às 9h30 desta sexta-feira. Na segunda-feira será a vez do exame de Português Língua Não Materna e a 23, sexta-feira, do de Português, também às 9h30, em ambos os casos. Os resultados dos exames serão conhecidos a 11 de Julho.

As provas finais de 9.º ano vão decorrer num clima de protesto e de greve de professores, que se têm verificado desde Dezembro último, e estão já decretados serviços mínimos até 30 de Junho. Portanto, todas estas provas (1.ª fase) são abrangidas por serviços mínimos.

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