Prestação do crédito à habitação mais recente subiu 51,2% no último ano
Subida das taxas Euribor vai chegando ao conjunto dos contratos à habitação, agravando os custos para as famílias.
A subida acelerada das taxas Euribor chega de forma quase imediata aos novos empréstimos, e de forma mais lenta aos mais antigos, que são revistos periodicamente, a cada três, seis ou 12 meses, conforme os prazos fixados nos contratos. Isso explica que a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação tenha subido em Maio para 3,398%, o valor mais elevado desde Junho de 2009, e nos que foram concedidos nos últimos três meses, a taxa se tenha elevado a 3,882%.
No conjunto dos contratos, que incluem também empréstimos a taxa fixa, o aumento face a Abril foi de 28,8 pontos base, com a subida nos contratos mais recentes, que neste casos significa que foram concedidos entre Fevereiro e Abril, a ascender a 20,7 pontos base, segundo os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A evolução da taxa de juro é visível no aumento das prestações médias, que no conjunto da carteira se fixou em 352 euros no mês de Maio, mais 11 euros do que em Abril e mais 92 euros que em Maio de 2022, o que traduz um aumento homólogo de 35,4%. A reflectir essencialmente a subida das taxas Euribor, a prestação corresponde a 179 euros (51%) relativa a juros e 173 euros (49%) a capital amortizado, bem diferente da divisão em Maio de 2022, em que a componente de juros representava apenas 16% do valor médio da prestação (260 euros).
Bem maior é o agravamento do custo mensal dos empréstimos contratados nos últimos três meses, cujo valor médio subiu apenas um euro face a Abril, para 591 euros, mas que fica 51,2% acima face a Maio de 2022, quando correspondia a 391 euros.
O valor médio dos empréstimos mais antigos é significativamente mais baixo do que nos novos. Nos primeiros, verificou-se um aumento de 197 euros, para 63.169 euros, e nos segundos fixou-se em 124.065 euros, menos 1669 euros do que em Abril.
A queda do montante médio dos novos novos empréstimos em Maio foi a mais pronunciada desde Dezembro de 2022, sendo que, desde essa altura, apenas em Abril se registou uma subida de valor em cadeia.
A redução de montante nos contratos mais recentes é explicada pela subida da Euribor, que cria maiores dificuldades às famílias para se financiaram junto do banca. Isto porque a percentagem de rendimento líquido de impostos e contribuições obrigatórias que terão de afectar para pagar o crédito é maior, a chamada taxa de esforço, impedindo os bancos, pelas regras actuais, a emprestar menos dinheiro. Perante esta situação, os particulares têm de assegurar uma parte cada vez maior do valor de aquisição, ou a procurar casas de valor mais baixo.
Aquela redução, que contrasta com crescimentos muito expressivos verificados nos últimos anos, também resultará em parte da posição mais conservadora dos bancos, que passaram a avaliar com maior rigor a capacidade das famílias para pagarem os empréstimos, numa conjuntura de subida de taxas de juro que ainda não parou.
Precisamente em reacção à nova subida das taxas directoras pelo Banco Central Europeu (BCE), as Euribor subiram esta sexta-feira em todos os prazos.
O salto maior verificou-se no prazo a 12 meses, que superou a barreira dos 4%, mais concretamente para 4,020%, um novo máximo desde Dezembro de 2008, quando em Abril o governador do Banco de Portugal admitia que o pico deste prazo já se poderia ter atingido em Fevereiro.
Notícia actualizada às 16h40 com mais informação