Conselho de Justiça da FPF instaura processo a Mário Costa

O ex-presidente da Assembleia Geral da Liga de clubes é suspeito de envolvimento em tráfico humano.

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O CJ da FPF vai investigar as suspeitas de tráfico humano Rui Gaudencio

O Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) instaurou nesta quinta-feira um processo a Mário Costa, que renunciou à da Assembleia Geral da Liga de clubes, na sequência das suspeitas de envolvimento em tráfico humano.

Em comunicado, o CJ da FPF revelou ter recebido uma denúncia respeitante à empresa BSports, que seria gerida por Mário Costa, que, na quarta-feira, deixou o cargo na Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).

"Compete ao CJ da FPF o exercício do poder disciplinar sobre os titulares dos órgãos sociais dos sócios ordinários da FPF, como é o caso da LPFP, pelos actos praticados no exercício da sua função de dirigentes", esclareceu o órgão federativo, no comunicado assinado pelo seu presidente, Luís Verde de Sousa.

Nesse sentido, "atendendo ao teor da informação constante da denúncia, e uma vez que a responsabilidade disciplinar não se extingue em virtude da renúncia ao cargo, em reunião realizada em 15 de Junho de 2023, deliberou o CJ da FPF instaurar um processo de inquérito, com correspondência material ao processo de averiguações, para apuramento de eventual prática de infracção disciplinar por parte do Dr. Mário Costa".

Na segunda-feira, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) realizou buscas numa academia de futebol em Riba de Ave, no concelho de Vila Nova de Famalicão, propriedade da empresa BSports, que seria gerida por Mário Costa, no âmbito da investigação por tráfico de seres humanos.

O até quarta-feira presidente da Mesa da Assembleia Geral da LPFP é um dos sete arguidos, dois indivíduos e cinco sociedades, segundo informou o SEF, que deu ainda conta de ter sinalizado 47 vítimas de tráfico de pessoas, das quais 36 menores e nove jovens adultos, num total de 85 estrangeiros identificados.

Os menores foram acolhidos em instituições da Segurança Social, por indicação da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e do Tribunal de Família e Menores de Vila Nova de Famalicão.

Em carta enviada à Lusa, Raul Soares da Veiga, o advogado de Mário Costa, confirmou a renúncia, considerando que "quando tudo estiver esclarecido e o processo for arquivado, Mário Costa voltará a colaborar com a LPFP com o mesmo entusiasmo de sempre".