Biparjoy significa desastre. Quem dá o nome aos ciclones?
A Índia e o Paquistão estão a preparar-se para receber o ciclone Biparjoy, que em bengali significa desastre ou calamidade. Mas, afinal, quem escolhe o nome para os destrutivos ciclones?
Uma leitura apressada pode levar alguém a encontrar a palavra alegria (em inglês) no nome do ciclone que esta quinta-feira ameaça a Índia e o Paquistão. Não podiam estar mais longe da verdade: este ciclone trará tudo menos alegria. Mas, então, porquê chamar-lhe Biparjoy? O que significa? Quem pode dar o nome a um ciclone?
O ciclone Biparjoy, a mais recente tempestade tropical que se está a formar no mar Arábico, é notícia em todo o mundo esta quinta-feira. Biparjoy significa desastre em bengali e o nome foi atribuído pelo Bangladesh. O processo de escolha do nome pode variar e há vários factores que o podem influenciar.
Cada agência meteorológica responsável por uma bacia apresenta os nomes que pretende usar e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) aprova estes nomes, ou não. Há, portanto, uma lista prévia de possíveis nomes sugeridos por cada país-membro de cada região. E em diferentes regiões podem existir diferentes regras, como dar ou não um nome de homem ou mulher, seguir ou não uma ordem alfabética.
A designação dos ciclones que atingem a região do oceano Índico é feita pelos países numa base rotativa, seguindo algumas regras estabelecidas. A bacia do oceano Índico é partilhada por vários países, incluindo a Índia, o Bangladesh, o Sri Lanka, as Maldivas, a Birmânia, Omã, o Paquistão e a Tailândia.
Mas, primeira pergunta: porque é que precisam de um nome? Acima de tudo, para melhorar o acompanhamento e os sistemas de alerta e comunicação às populações. É a principal razão para a atribuição de um nome a estes fenómenos.
Há alguns critérios a ter em conta na atribuição de um nome a uma tempestade. Devem, por exemplo, ser nomes fáceis de recordar e pronunciar, e não devem ser ofensivos. São também escolhidos numa variedade de línguas para que as pessoas de diferentes regiões se possam identificar com eles.
Outro detalhe: o género. As listas de nomes que incluem nomes masculinos e femininos garantem a igualdade de género, dado que, justiça seja feita, o género se vai alternando.
No caso dos ciclones tropicais, estes fenómenos naturais poderosos e destrutivos representam uma ameaça significativa sobretudo para as zonas costeiras da região do oceano Índico. Quando um sistema ciclónico se desenvolve e satisfaz critérios específicos, recebe então o seu nome com base na lista que já existia.
Biparjoy não nos dirá nada a nós, neste ponto do globo. Mas na Índia e Paquistão é uma palavra familiar, que significa desastre ou calamidade, e que as pessoas reconhecem e entendem. Isso é o mais importante, sobretudo para os sistemas de prevenção e para os alertas que podem proteger a população.
E os furacões?
No caso dos furacões que atingem o oceano Atlântico, há também uma lista predefinida e que alterna nomes masculinos com femininos. Recentemente, a Administração para o Oceano e a Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês) norte-americana, divulgou as suas previsões para a época de furacões em 2023. E todos já têm um nome atribuído.
Na altura da divulgação da previsão, no final de Maio, a NOAA avançou que as hipóteses de que esta seja uma época de furacões praticamente normal na bacia do Atlântico, entre 1 de Junho e 30 de Novembro, eram de 40%. Traduzindo ainda mais por números: a NOAA prevê que se formem entre 12 e 17 tempestades com uma força que mereça um nome. Alguma incerteza ainda, portanto.
Foi já divulgada a lista de nomes da temporada de tempestades no Atlântico de 2023. Da primeira para a última: Arlene, Bret, Cindy, Don, Emily, Franklin, Gert, Harold, Idalia, Jose, Katia, Lee, Margot, Nigel, Ophelia, Philippe, Rina, Sean, Tammy, Vince, Whitney.
Já agora, mais um dado: furacão, tufão e ciclone são nomes dados ao mesmo fenómeno meteorológico – fortes tempestades – mas que diferem, sobretudo, dependendo da região onde ocorrem.
No Atlântico e Nordeste do Pacífico (Caraíbas, EUA, México) temos os furacões, no Noroeste do Pacífico (Filipinas, Japão, China) as poderosas tempestades são chamadas tufões e, por fim, no Sul do oceano Pacífico e Índico estes ventos indomáveis são chamados ciclones. Os ventos atingem velocidades (sustentadas durante um minuto) de, pelo menos, 119 quilómetros por hora.