Milhares despedem-se de Berlusconi, mas o luto não é consensual
A decisão do Governo italiano de decretar um dia de luto nacional pela morte do antigo primeiro-ministro foi criticada.
Milhares de pessoas encheram a praça do Duomo em Milão, a famosa catedral gótica que é o ex-líbris da cidade italiana, para se despedirem do antigo primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, que morreu na segunda-feira, aos 86 anos.
Arranjos de flores e faixas com as cores de vários clubes de futebol rodeavam a catedral e, à sua frente, um ecrã gigante transmitia as cerimónias fúnebres.
Sem surpresas, o funeral do homem que foi uma presença constante no mundo da política, futebol e media em Itália nos últimos 30 anos esteve longe de ser um momento isento de polémica.
O Governo, de que faz parte o Força Itália, fundado por Berlusconi, decretou um dia de luto nacional, com direito a bandeiras a meia haste nos edifícios públicos, mas para muitos italianos o antigo primeiro-ministro foi sinónimo de populismo e corrupção política.
Em Milão, alguns dos detractores de Berlusconi usaram t-shirts brancas com a frase “Eu não estou de luto”.
Nada disso impediu que milhares de pessoas acorressem ao Duomo para homenagear “Il Cavaliere”. Muitos envergavam camisolas do AC Milan, o clube que foi presidido por Berlusconi e que o ajudou a promover a sua carreira.
O ambiente era mais próprio de um jogo de futebol do que de um funeral, diz a Reuters, que descreve grupos de apoiantes de Berlusconi a cantar slogans tais como “e quem não salta é comunista”.
Durante a homilia, o arcebispo de Milão, Mario Delpini, pareceu reconhecer implicitamente os exageros e as qualidades do antigo primeiro-ministro. “O que poderemos dizer de Silvio Berlusconi? Foi um homem: um desejo pela vida, um desejo pelo amor, um desejo pela alegria.”