Das Boot: O Submarino desta vez passa por Lisboa

A terceira temporada da série que adapta o livro e o filme homónimos estreia-se esta quinta-feira, às 22h10, no AMC. Falámos com Joana Ribeiro, actriz portuguesa que participa nesta época.

As the U-949 reaches Portugal, Ehrenberg returns to Kiel, and Klaus Hoffmann and Forster turn to blackmail.
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Joana Ribeiro na terceira temporada de Das Boot Stephan Rabold
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Das Boot, sobre a Segunda Guerra Mundial vista do lado alemão num submarino, começou por ser um livro de Lothar-Günther Buccheim, que tinha sido correspondente de guerra em submarinos, foi um sucesso quando foi lançado em 1973. Depois, em 1981, veio o filme de Wolfgang Petersen, nomeado para Óscares e que em Portugal se chamou A Odisseia do Submarino 96. Em 2018, a história prosseguiu numa série criada para televisão por Johannes W. Betz e Tony Saint. Das Boot: O Submarino é uma das produções mais caras de sempre da Alemanha – tal como o filme já o era. A terceira temporada da série, ainda com Saint como um dos argumentistas, foi para o ar originalmente em 2022 e chega agora a Portugal esta quinta-feira, às 22h10, pelo AMC.

Nesta leva de dez episódios que arrancam em 1942, seguem-se três histórias paralelas: a de um submarino na Batalha do Atlântico que está a ser perseguido por um comandante da Marinha Britânica que quer vingar a morte do filho (um papel interpretado pelo recentemente falecido Ray Stevenson); a das pessoas próximas dos tripulantes do submarino em Kiel, na Alemanha; e a de um oficial da Gestapo que investiga a morte de um colega na cidade neutra de Lisboa, com espiões de todos os lados na cidade. Esta última conta com um papel proeminente da actriz portuguesa Joana Ribeiro. Faz de Inês de Pina, uma empregada de casino de hotel que se torna, nas palavras da própria ao PÚBLICO, via Zoom, "um ponto-chave nesta história", um "peão neste jogo enorme" de "espiões" que é a trama da sua parte da história.

A rodagem decorreu em Praga em 2021. A parte da história passada em Lisboa é falada na sua maioria em inglês. Inês é uma mulher que "veio de uma classe baixa" e tem um bom nível de inglês, "apesar de ter uma educação com pouco dinheiro, todos os dias era confrontada" com o inglês. "Uma das coisas que me chamaram a atenção na personagem foi a rapidez e a inteligência dela nas situações. Ela sabe que vai ter de falar inglês perfeito, de se dar com esta e aquela pessoa. Não é só empregada, ela ouve e sabe de coisas que noutra situação não saberia", comenta.

Para preparar a personagem, pesquisou "sobre o papel da mulher portuguesa na Segunda Guerra Mundial". "Infelizmente, não há assim muitos registos nem filmes que retratem essa época. Temos alguns documentários, mas nenhum foco na mulher", partilha. Sem Sombra de Pecado, filme de 1982 realizado por José Fonseca e Costa a partir de um livro de David Mourão-Ferreira, foi visto "algumas vezes" e "acabou por ser a maior inspiração" para a personagem. Lista também, além disso, Casablanca, de Michael Curtiz, Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira, Phoenix, de Christian Petzold, Hannah Arendt, de Margarethe von Trotta, ou Infância de Ivan, de Andrei Tarkovski. "Tenho uma pasta no Filmin", comenta. Havia ainda uma playlist de Spotify – "faço isso em todas as personagens que interpreto" – com Dooley Wilson, Amália Rodrigues, Milú, Carlos Ramos, José Mário Branco, Fernando Farinha, Andrews Sisters ou Bobby Darin. Leu também "bastante sobre a Segunda Guerra, tanto a nível mundial como as consequências em Portugal".

Com a pesquisa pretendia "perceber como é que uma mulher se comportava nessa altura". Isto sabendo que "a realidade portuguesa era diferente da dos países que estavam a fazer parte da guerra, e mesmo a forma como as mulheres se relacionavam e o papel da mulher na sociedade". Ainda assim, sublinha que Inês, "trabalhando no casino, também não era uma mulher da altura". "As mulheres eram para ficar em casa, tomar conta das famílias, ir à missa, ela trabalha no casino, ganha o seu próprio dinheiro e entra naquele jogo, ela não é uma mulher normal no Portugal que existia naquela altura", conclui.

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