Movimento #RestoreNature organizou chuva de tweets e soma 20 mil numa semana
Na última semana, mais de 20.000 tweets foram publicados com a hashtag #RestoreNature para pedir a aprovação da Lei de Restauro da Natureza que será votada no Parlamento Europeu.
A poucos dias da votação da Lei de Restauro da Natureza, uma “chuva de tweets” ocorreu nesta segunda-feira entre as onze ao meio-dia com o objectivo de atrair a atenção da Comissão Europeia e o Parlamento Europeu para o assunto. Foi uma acção organizada.
Além dos representantes políticos, a campanha no Twitter também visou sensibilizar os utilizadores para a importância da legislação ambiental que será votada no Parlamento Europeu esta quinta-feira. Mesmo depois do horário estipulado, diversos tweets com a hashtag #RestoreNature continuam a aparecer em diferentes idiomas e países.
O projecto criado pelas organizações BirdLife Europe and Central Asia, European Environmental Bureau (EEB) e World Wild Fund (WWF) exige o restauro da natureza e alerta para os riscos de extinção sofridos pelas espécies de animais e plantas. O movimento teve adesão de 207 ONGs e mais de 20.000 tweets com a hashtag na última semana. As publicações ressaltam os benefícios da lei para o ambiente, economia e a sua necessidade para a sobrevivência dos seres vivos.
Num artigo de opinião no PÚBLICO, a presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), Maria Amélia Martins-Loução, explica que o movimento é “uma chamada de atenção a toda a sociedade e aos media” e para “a necessidade de recuperar ecossistemas degradados é tão necessária e pedagógica quanto a questão do clima”. A SPECO teve participação activa nas publicações sobre os impactos da lei na produção alimentar e restauro dos ecossistemas marinhos.
A #RestoreNature apoia-se na recuperação da biodiversidade local, combate à crise climática, redução das catástrofes naturais, fortalecimento da economia local e melhoria da saúde pelo contacto com a natureza como os cinco principais benefícios proporcionados pela Lei de Restauro da Natureza. Os utilizadores que participaram na campanha de tweets reforçam o perigo da inacção.
Em 2022, a Comissão Europeia apresentou uma proposta de regulamento com objectivos juridicamente vinculativos para o restauro da natureza em terra, nos rios e no mar. Segundo a organização ambiental Associação Natureza Portugal/WWF (ANF/WWF), "entramos agora numa fase decisiva em que esta proposta está a ser discutida com maior detalhe e encontrou já a rejeição pelo Partido Popular Europeu e a subsequente rejeição na Comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (AGRI) e na Comissão das Pescas do Parlamento Europeu (PECH).
"Este é um sinal muito negativo, colocando em risco esta lei que é um pilar crucial do Pacto Ecológico Europeu. Há uma preocupação crescente de que a lei possa ser totalmente abandonada devido à oposição dos grupos de pressão da agricultura, da pesca e da silvicultura", alerta a ANF/WWF.
Além dos benefícios mencionados pela #RestoreNature, a Agência Europeia do Ambiente salienta que restaurar as áreas protegidas é essencial para um uso sustentável dos recursos. Entre outros exemplos, refere-se que 84% das culturas dependem da polinização por insectos, ou seja, acções que passam por recuperar habitats de polinizadores são cruciais para a segurança alimentar. É preciso, resumem, aumentar florestas, áreas húmidas e pradarias marinhas para capturar carbono e fortalecer ecossistemas contra eventos climáticos extremos.
Maria Amélia Martins-Loução lamenta o lento avanço nas discussões sobre o novo regulamento, mas também a pressão exercida pelos opositores à Lei de Restauro da Natureza. A lei será votada no dia 15 de Junho e o movimento #RestoreNature continua activo no Twitter e no site no projecto para garantir a participação de mais pessoas. Esta segunda-feira, o movimento ainda não tinha atingido a força de uma trend no Twitter. Mas talvez o consiga até quinta-feira.