Marcelo explica que referência a “ramos mortos” é mensagem de futuro, não uma indirecta ao Governo

Presidente da República nega referência a “caso específico” quando disse ser preciso “cortar ramos mortos”.

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Marcelo usou uma metáfora no seu discurso da Régua, que teve de explicar LUSA/JOSÉ COELHO

O Presidente da República negou neste sábado estar a referir-se a um "caso específico" quando no discurso das comemorações do Dia de Portugal disse ser preciso "cortar os ramos mortos", acrescentando que essa foi uma "mensagem de futuro". "Não falava para nenhum caso específico, pontual, isso não falo", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado, que respondia aos jornalistas durante uma visita a expositores e produtores de vinhos, destacou que a sua intervenção durante a cerimónia do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi "uma mensagem de futuro em termos gerais de visão da sociedade portuguesa".

"Nos momentos históricos falo das coisas históricas e a História demonstra que realmente temos desafios novos, temos de ter soluções novas e vem aí uma guerra, com o fim da guerra, com a mudança na União Europeia, com a mudança na NATO, com a mudança na economia, até com o facto, dos ciclos políticos que estão a decorrer em Portugal terminarem daqui por dois anos e pouco, quer o meu, quer o do Governo, tem de se olhar para além disso e é isso que se tem de fazer", observou.

Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda "não ter ideia" de se os portugueses, comentadores ou jornalistas ficaram com essa ideia, quando, durante o seu discurso, disse ser necessário "cortar os ramos mortos que atingem a árvore toda".

"Não tenho ideia nenhuma, a minha ideia era "olhem para o futuro a médio e longo prazo, temos de preparar esse futuro", referiu.

Questionado sobre a conversa entre os professores e o primeiro-ministro, o Presidente da República disse apenas que "em todos os 10 de Junho há questões de conjuntura que se levantam" e que "continuam além do dia 10 de Junho".

"Prefiro olhar para estas datas históricas, o seu sentido, significado histórico, lições do passado para o presente e para o futuro, depois, daqui a dois, quatro, oito ou 15 dias, é preciso estar a olhar para uma lei ou solução, faremos isso, mas não é esse o significado fundamental destas datas históricas", considerou.

Também questionado sobre onde irão realizar-se as comemorações do Dia de Portugal no próximo ano, Marcelo Rebelo de Sousa disse que essa "vai ser uma escolha difícil".

"Depois desta experiencia, tão diferente, tão diferente, tão diferente, vou ter dificuldade de encontrar uma região que se junte em torno de um tema como este, com 19 municípios. O problema é, há muita tentação de voltar às capitais de distrito e à rotação que havia (...) teoricamente deveria olhar para o sul ou centro. Vai ser uma escolha difícil, vou ter de meditar", referiu, acrescentando estar "muito satisfeito" com as celebrações deste ano no Peso da Régua.