Estes tijolos superleves são feitos de fungos e montam-se como legos

Para reduzir as emissões do sector da construção, um grupo de investigadores criou blocos de micélio moduláveis que mostram a simbiose possível entre a natureza e a criação humana.

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Estes tijolos são feitos de fungos e montam-se como legos George Fielding
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Começam a surgir cada vez mais estruturas feitas de fungos como alternativas sustentáveis para a indústria da construção e a Symbiocene Living é um exemplo disso. Um grupo de investigadores de Londres, em colaboração com o laboratório de design criativo PLP Labs, fez uma demonstração com blocos de construção moduláveis. Estes tijolos são feitos com micélio (conjunto de filamentos que formam a parte vegetativa de um fungo) e matéria orgânica.

A equipa, fundada por Ron Bakker, investigou as capacidades estruturais e o potencial arquitectónico do material e descobriu como combinar blocos compostos de micélio com estruturas de madeira impressas em 3D. Na semana passada, apresentou a instalação feita com estes tijolos na Clerkenwell Design Week.

George Fielding
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PLP Architecture
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Os investigadores acharam importante criar objectos que pudessem ser aplicados de maneiras diferentes e, por isso, criaram tijolos que pudessem ser montados e desmontados como “blocos de Lego”, contou a equipa, à EuroNews.

A instalação apresentada é composta por 84 blocos de micélio biodegradáveis e leves, que poderiam ajudar a tornar a indústria da construção mais circular. O seu formato permite diversas configurações como as dispostas na demonstração feita em Londres que incluíam uma mesa, divisórias e assentos.

O micélio foi cultivado num ambiente controlado com resíduos agrícolas como palha, lascas de madeira ou serradura. A partir destas substâncias forma-se um material denso e durável que pode ser moldado em diferentes formas. Este substrato, após esterilização do ambiente, é colocado em moldes de madeira. Para evitar que o fungo não se continue a desenvolver e inutilize as estruturas, é desidratado a altas temperaturas.

Arquitectura no Simbioceno

"O micélio é uma rede de pequenos filamentos, denominados hifas, que crescem no subsolo ou num substrato. Os cogumelos, as trufas ou as crostas são os frutos ou as flores dos fungos", define o laboratório do estúdio de arquitectura PLP.​

De acordo com o criador do projecto, o micélio tem características semelhantes a materiais feitos de combustíveis fósseis ou minérios, com a vantagem de não ser tão prejudicial para o ambiente. Os produtos criados com o fungo além de serem renováveis e biodegradáveis são leves, têm propriedades de isolamento e são resistentes a fogo.

Symbiocene Living from PLP Architecture on Vimeo.

Além disso, o fungo pode ter múltiplas aplicações, desde o uso em materiais de construção, em painéis de revestimento, para absorção acústica e até mesmo em luminárias, explica Ron Bakker. "A PLP está a fazer a transição de uma prática de arquitectura para uma prática de 'sumbiotectura', para conceber e construir de acordo com os princípios do Simbioceno [o período que se segue ao Antropoceno, de reintegração entre o ser humano e o resto da natureza]​. A 'sumbiotectura' coloca a colaboração, e não o domínio, no centro do projecto."

Actualmente, a equipa está a investigar uma maneira de cultivar micélio em estruturas mais fortes que suportem peso da mesma forma que tijolos. Consideram também criar kits para criar estruturas customizadas em casa.

O micélio na construção

De acordo com a Agência Internacional da Energia (AIE), quase 40% das emissões globais de CO2 são do sector da construção. Deste valor, 11% resulta da produção de materiais como aço, cimento e vidro.

O uso de micélio não é novidade. Em 2007, uma empresa chamada Ecovative, desenvolveu um material feito de micélio, inicialmente utilizado como uma alternativa sustentável de embalagem. A empresa já expandiu o uso para diferentes áreas, incluindo o sector alimentar e de beleza.

Em 2014, um grupo de arquitectos de Nova Iorque, The Living, juntamente com uma empresa de design e engenharia sustentável, Arup, criaram uma torre biodegradável de 12 metros. Chamada Hy-Fi Tower, foi construída com dez mil blocos de micélio no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

Em Fevereiro do ano passado, a NASA, em conjunto com a Red House, uma firma de arquitectos dos EUA, anunciou a criação de um protótipo feito de algas e fungos para cultivar casas na Lua e em Marte. Estas casas são feitas da mistura de micélio com resíduos de biomassa que resultam da proliferação arbustiva da Namíbia.

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