Man. City já tem a Champions: o projecto dos Emirados está completo

Ao contrário da última final em Istambul, entre Milan e Liverpool, em 2005, esta foi pouco rica e não constará na história das grandes finais do futebol – foi uma final, mas não foi grande.

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Jogadores do City celebram em Istambul EPA/GEORGI LICOVSKI
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Os que dizem que o dinheiro não traz felicidade já não podem, no prisma futebolístico, apontar essa tese ao Manchester City. Foram 15 anos de poder dos Emirados Árabes Unidos no clube inglês, sempre com muito dinheiro, mas sempre sem o objectivo supremo – até este sábado. A partir de agora, os donos dos milhões podem dizer que investiram para serem os melhores da Europa, agora que o City conquistou a Liga dos Campeões, com um triunfo por 1-0 frente ao Inter, em Istambul.

É a primeira “orelhuda” da história do clube e Pep Guardiola também pode tirar um peso de cima. Teve grandes equipas no Bayern e no City, mas desde 2011 que não ganhava esta competição – tinha conseguido apenas com o Barcelona.

No que diz respeito ao jogo, não é daqueles que vai deixar saudades, como a última final em Istambul, entre Milan e Liverpool, em 2005. Esta foi pouco rica e não constará na história das grandes finais do futebol – foi uma final, mas não foi grande.

Haaland e Bernardo, mas só isso

A primeira parte traçou um dos cenários possíveis – e um dos mais prováveis até – entre City e Inter: os italianos com uma ocupação de espaços tão forte que o jogo se tornou globalmente aborrecido.

O 5x3x2 é, possivelmente, o sistema táctico mais equilibrado que o futebol já inventou. Tendo os jogadores certos, torna-se uma teia difícil de furar, mas sem perder presença ofensiva, sobretudo quando um dos avançados (ou os dois, como é o caso) tem capacidade de segurar a bola de costas em apoios.

Nessa medida, o City teve muita dificuldade para activar os criativos – os centrais do Inter tinham ordem clara para saírem na pressão a qualquer bola colocada entre linhas.

Bem coordenados, fizeram-no quase sempre bem, excepto aos 27’, quando dois dos três centrais saíram simultaneamente – algo a evitar. Depois de Acerbi ser batido, houve buraco para De Bruyne isolar Haaland na meia-esquerda, que rematou à figura de Onana.

O Inter optou depois por algo interessante, que foi variar a forma de pressionar. Ora mobilizava um contingente alargado, com pressão em três contra três e quatro contra quatro, ora baixava as linhas e esperava. Esta permanente mudança de postura também poderá ter contribuído para alguma indefinição do City, sobretudo na forma de usar Stones, o jogador híbrido entre lateral-direito, médio-centro e ala-direito.

Além do remate de Haaland, o City esteve perto do golo aos 5’, na única jogada em que Bernardo teve o um contra um em zonas próximas da área – fase em que o Inter, até por volta dos dez minutos, ainda não tinha acertado a zona de pressão e a cobertura da largura.

Trocas posicionais

Já sem De Bruyne (saiu lesionado aos 35’), o City regressou do intervalo ainda mais adormecido do que na primeira parte – sobretudo Akanji, que fez uma “sesta” em plena final da Champions, oferecendo o golo a Lautaro (Ederson salvou).

A segunda parte teve um Inter claramente menos audaz e o City pôde jogar em meio-campo, como costuma fazer em grande parte dos seus jogos.

O City estava melhor e mais capaz? Nem por isso. Mas estava, pelo menos, mais perto da área, mesmo que com uma posse algo consentida. Nessa medida, o Inter poderia sempre sofrer pela qualidade técnica dos jogadores do City. E assim foi.

Aos 68’, Akanji conseguiu colocar uma bola vertical pelo chão, para Bernardo, e o cruzamento interceptado acabou por ir parar aos pés de Rodri, que finalizou na passada.

Ainda que possa ser visto como um produto da presença ofensiva, este golo teve detalhes importantes: Akanji e Aké ainda não tinham progredido com bola para passes verticais e Bernardo ainda pouco tinha feito trocas posicionais, “descolando-se” do corredor direito. E não há forma melhor de desmontar uma defesa do que trocar-lhe as referências de marcação.

O Inter esteve perto do golo logo a seguir, num lance confuso que teve cabeceamento de Dimarco à trave e recarga do italiano contra Lukaku. E depois? Depois, o City tomou conta da bola – daquela forma que talvez mais equipa nenhuma do mundo, ou mesmo na história do futebol, sabe fazer. Houve vários minutos de posse de bola e o Inter só lá chegava, e chegava pouco, em lances de bola parada.

O City poderia praticamente ter matado a final aos 78’, numa jogada individual de Foden salva por Onana, mas também poderia ter sido obrigado a prolongamento aos 89', em mais um lance confuso na área inglesa, salvo por Ederson e Rúben Dias em cima da linha de baliza, e aos 90+5', novamente com Ederson a ser herói.

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