É possível assistir hoje, aqui e agora, numa povoação perto de nós, em Portugal (mais no Sul do que no Norte porque é no Sul que se dá uma junção de factores e não porque a razão maléfica germine melhor nesta região), à expulsão de membros de uma população de indesejáveis e até ver graffiti, escritos nas paredes como leis escritas na pedra, que são indesejáveis e devem ser postos “ao bando”, para utilizar uma fórmula antiga, recuperada pela biopolítica? Pode-se, sem temer a lei e protegido pelo silêncio público, tratar uma população como escumalha e encarnação ignóbil da figura dos párias da história, submetendo-a a uma dupla operação – só aparentemente contraditória – que consiste em expô-la e ao mesmo tempo torná-la invisível?
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