Biden e Sunak anunciam parceria económica entre EUA e Reino Unido

A “Declaração Atlântica” abre caminho para a cooperação futura em questões como inteligência artificial e as relações comerciais entre os dois países.

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Rishi Sunak e Joe Biden encontraram-se na Casa Branca Reuters/EVELYN HOCKSTEIN
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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, anunciaram esta quinta-feira, em Washington, uma parceria económica destinada a estreitar os laços entre os dois países, afectados nos últimos anos pelo “Brexit”. Os dois líderes prometeram também acelerar a transição para as energias limpas e manter o “apoio inabalável ao povo da Ucrânia”.

Biden e Sunak assinaram a “Declaração Atlântica”, que Sunak descreveu como uma parceria económica inédita que abre caminho para a cooperação futura em questões como inteligência artificial e as relações económicas e comerciais entre ambos.

“Eu sei que algumas pessoas se perguntam que tipo de parceiro seria o Reino Unido depois de deixar a União Europeia”, disse Sunak, numa conferência de imprensa conjunta com Biden. “Eu diria, julguem-nos pelas nossas acções, um aliado como sempre, um destino de investimento tão atraente como sempre”, acrescentou o primeiro-ministro britânico, ansioso para mostrar progressos na relação económica entre os dois países depois de, após o “Brexit”, a Administração Biden ter posto de parte qualquer hipótese de celebrar um acordo bilateral de comércio livre.

Questionado sobre a ausência de um acordo comercial mais volumoso entre norte-americanos e britânicos, Sunak disse que as “medidas específicas e direccionadas” que foram discutidas no encontro são, nesta altura, as mais acertadas, já que removem a burocracia e facilitam novos investimentos no Reino Unido no valor de “milhares de milhões de libras”.

A reunião na Sala Oval da Casa Branca, a quarta entre Biden e Sunak em poucos meses, aconteceu numa altura em que as autoridades ocidentais tentam determinar se a Rússia é responsável pela destruição da barragem de Nova Kakhovka, que deslocou milhares de pessoas e causou grandes danos económicos e ambientais. A Ucrânia e a Rússia acusaram-se mutuamente pela destruição da barragem.

“É assustador pensar nas conversas que os nossos predecessores tiveram nesta sala, quando tiveram que falar de guerras que travaram juntos, da paz que conquistaram juntos”, disse Sunak a Biden.

“Mais uma vez, pela primeira vez em mais de meio século, enfrentamos uma guerra no continente europeu e, como já fizemos antes, os EUA e o Reino Unido uniram-se para apoiar a Ucrânia”, afirmou o chefe de Governo britânico.

Rishi Sunak prometeu ainda que o apoio à Ucrânia durará “o tempo que for preciso”, o que “envia um forte sinal a Vladimir Putin de que não faz sentido ficar à espera que nos cansemos”.

Por sua vez, Biden saudou o relacionamento económico entre os dois velhos aliados como uma “enorme fonte de força” capaz também de reforçar os laços entre os restantes Estados-membros da NATO.

“Discutimos como podemos continuar a adaptar e a actualizar a nossa parceria de modo a garantir que os nossos países permaneçam na vanguarda de um mundo em rápida mudança”, disse o Presidente norte-americano.

No que à NATO diz respeito, Sunak aproveitou o encontro para arregimentar o apoio de Biden à candidatura do ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, para suceder ao norueguês Jens Stolenberg como secretário-geral da Aliança Atlântica, mas acabou por ouvir o Presidente dos EUA dizer que ainda não se sabe se chegou a hora da NATO ter um líder britânico, acrescentando que os membros da organização terão de chegar a um consenso sobre o futuro secretário-geral.

Biden e Sunak encontraram-se pela última vez em Hiroshima, no Japão, na Cimeira do G7, no mês passado. Antes, tinham-se encontrado em Belfast em Abril e em San Diego em Março, numa reunião trilateral destinada a reforçar a parceria de Defesa dos Estados Unidos, Austrália e Reino Unido.

O encontro desta quinta-feira focou-se em garantir a segurança no que respeita à inteligência artificial (IA) e as outras tecnologias emergentes, referiu Sunak, revelando que o Reino Unido vai acolher, no Outono, a primeira cimeira sobre o tema para discutir como os riscos da IA podem ser mitigados através de acções coordenadas a nível internacional.

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