Zona euro entra em recessão técnica no primeiro trimestre
PIB dos países da moeda única espelha comportamento da economia alemã.
A zona euro entrou em recessão técnica depois de ter vivido dois trimestres consecutivos de contracção económica. Os dados divulgados esta quinta-feira pelo Eurostat revelam que, depois de ter contraído 0,1% nos últimos três meses do ano passado, a economia da zona euro recuou novamente 0,1% nos primeiros três meses de 2023. Em termos homólogos, o crescimento foi de 1% no trimestre, um abrandamento relativo aos 1,8% do primeiro trimestre de 2022.
A evolução do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro não é surpreendente considerando que esse foi o mesmo movimento da principal economia da região: a alemã. Corrigindo a primeira estimativa de Abril, a autoridade estatística alemã, o Destatis anunciou no final de Maio que o PIB da Alemanha caiu 0,3% no primeiro trimestre de 2023, depois de ter fechado 2022 com uma contracção de 0,5%.
Não se trata de uma recessão profunda, mas é a prova de que os efeitos da guerra russa contra a Ucrânia, que fizeram disparar a inflação em 2022 (com destaque para os preços da energia e alimentação) e a consequente política de aumento das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) pesaram no dia-a-dia das empresas e famílias e limitaram a actividade económica dos países da zona euro.
As previsões de Primavera da Comissão Europeia, divulgadas no mês passado, apontam, contudo, para um crescimento de 1,1% em 2023 na zona euro e de 1% no conjunto da União Europeia.
A direcção que será seguida pelo BCE nas próximas semanas poderá ditar de que forma avança ou recua a dinâmica económica europeia, seja pela redução da concessão de crédito, seja pela diminuição do rendimento disponível das famílias.
Depois de se ter sabido que a inflação no grupo dos 20 países da moeda única inverteu a tendência de descida e voltou a subir para 7% em Abril, o BCE anunciou a subida mais pequena das taxas de juro de referência, de 0,25 pontos percentuais, desde o ciclo de subidas iniciado em Julho.
Mas a instituição liderada por Christine Lagarde garantiu que não se trata do fim da luta contra a inflação, pelo que é certo que a subida dos custos de financiamento irá continuar nos próximos meses