Delta revela assento de avião que deixa passageiros usar as próprias cadeiras de rodas

Os viajantes que usam cadeiras de rodas motorizadas têm vindo a pedir uma solução deste tipo há anos, uma vez que se acumulam queixas sobre danos nas cadeiras que têm de ser arrumadas com a bagagem.

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Representação do novo protótipo de assento de avião para a Delta Air Lines. DR
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John Morris tinha de ver com os próprios olhos.

Especialista em viagens mais acessíveis e utilizador de uma cadeira de rodas eléctrica, Morris viajou até Hamburgo para ver o protótipo de um novo banco de avião que uma subsidiária da Delta Air Lines vai apresentar na terça-feira e que poderá melhorar drasticamente, embora não imediatamente, a experiência de voo dos utilizadores de cadeiras de rodas.

Num email enviado da Alemanha, Morris considerou o assento um "tremendo primeiro passo na corrida para acomodar cadeiras de rodas pessoais de passageiros com deficiência na cabine do avião". Os viajantes que utilizam cadeiras de rodas motorizadas têm vindo a pedir uma solução deste tipo há anos, uma vez que se acumulam queixas sobre danos nas cadeiras que têm de ser arrumadas com a bagagem.

No ano passado, as companhias aéreas norte-americanas trataram mal 11389 cadeiras de rodas e trotinetas, ou seja, 1,54 por cada 100 que embarcaram nos aviões.

A Delta Flight Products, uma subsidiária da Delta Air Lines, apresentou o protótipo na Aircraft Interiors Expo, em Hamburgo. O conceito é o resultado de anos de trabalho, primeiro entre um grupo chamado Air 4 All, que inclui o estúdio de design PriestmanGoode, a organização de defesa de consumidores Flying Disabled, o fabricante de cadeiras de rodas Sunrise Medical e a SWS Certification, que se dedica a obter aprovações para produtos de interiores de aviões.

O consórcio tem estado a trabalhar com a Delta Flight Products há mais de um ano, mas só anunciou a parceria nos últimos dias. "Com a colaboração deles, chegámos a um protótipo totalmente funcional que a DFP pode apresentar a todas as companhias aéreas", disse Daniel MacInnes, director da PriestmanGoode, numa resposta por email. "Ter algo tangível para os utilizadores testarem e mostrarem aproxima-o muito mais de ser lançado, mas ainda não foi anunciada a primeira companhia aérea parceira."

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O sistema permite que as companhias aéreas mantenham o design das suas cabines e permite que um assento normal se dobre para acomodar um sistema de retenção de cadeira de rodas. Se não houver nenhum utilizador de cadeira de rodas a bordo, o assento pode ser utilizado como qualquer outro. O protótipo foi desenvolvido para a primeira fila de um avião de fuselagem estreita e pode acomodar duas cadeiras de rodas eléctricas, uma de cada lado do corredor, segundo a PriestmanGoode. Os viajantes teriam acesso ao encosto de cabeça do assento, às mesas de tabuleiro da consola central e à mesa de cocktail.

O sistema não permite que os passageiros utilizem as suas próprias cadeiras para irem à casa de banho; seria necessária uma transferência manual para a casa de banho utilizando uma cadeira de rodas mais pequena. Os aviões com mais de um corredor têm de ter uma casa de banho acessível, mas ao abrigo de um acordo alcançado em 2016, os aviões de corredor único não serão obrigados a oferecer a mesma acessibilidade durante muitos anos.

Assento de avião pioneiro

MacInnes afirmou que o objectivo é poder adaptar o maior número possível de cadeiras de rodas eléctricas. "A razão para o foco nas cadeiras de rodas eléctricas é que estes utilizadores enfrentam as maiores barreiras e a transferência para um assento normal não é uma opção para eles, uma vez que a sua cadeira de rodas é uma extensão do seu corpo e essencial para toda a viagem", explica.

Num comunicado, a Delta considerou o sistema "um assento de avião pioneiro", mas advertiu que o processo ainda está longe de aparecer numa cabina.

"Este produto continua na sua fase inicial de desenvolvimento, com aproximadamente 18 meses de trabalho e revisões pela frente, mas a Delta vai manter-se atenta ao progresso deste conceito que está a ser impulsionado pela nossa subsidiária, uma vez que estamos sempre à procura de formas de melhorar a experiência de viagem para todos os clientes", refere o comunicado.

MacInnes disse que as decisões de design serão finalizadas com base no feedback durante a exposição em Hamburgo e, em seguida, será iniciado o pedido de certificação regulamentar. O assento terá então de ser testado, incluindo ensaios em voo.

O assento estaria disponível para a Delta e para outras companhias aéreas, mas não está claro quanto tempo poderia levar além desses 18 meses até a opção estar disponível para os viajantes.

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Representação de um protótipo de um novo assento de avião para a Delta Air Lines. PriestmanGoode

"Nenhum outro meio de transporte nos obriga a abdicar do nosso dispositivo de mobilidade quando embarcamos. O mesmo deve acontecer com as companhias aéreas", afirmou o Secretário dos Transportes norte-americano, Pete Buttigieg, no Verão passado. "Por isso, nos próximos meses e anos, planeamos trabalhar para criar uma nova regra que permita aos passageiros permanecerem nas suas cadeiras de rodas pessoais quando viajam de avião. Sabemos que isso não vai acontecer da noite para o dia, mas é um objectivo que temos de trabalhar para cumprir."

Morris, fundador da WheelchairTravel.org, disse no email que o sistema de fixação integrado do assento "parece promissor" no bloqueio de cadeiras de rodas manuais e eléctricas.

"Nenhum conceito de fixação de cadeiras de rodas chegou tão longe no processo de concepção e desenvolvimento, e acredito que oferece uma solução que poderá um dia tornar as viagens aéreas significativamente mais acessíveis a milhões de utilizadores de cadeiras de rodas", escreveu.

O autor advertiu que era necessário mais trabalho para garantir que algumas cadeiras de rodas motorizadas de reabilitação complexas, como a sua, pudessem ser acomodadas, mas disse que a equipa que lhe demonstrou o sistema parecia confiante de que a maioria das cadeiras de rodas poderia caber em versões futuras.

"Estou optimista quanto a um futuro de viagens aéreas acessíveis!", escreveu Morris.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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