Diálogo com as sombras islandesas

Terra de Deus aborda uma forma de colonialismo poucas vezes evocada, o colonialismo absolutamente “intra-europeu”, a partir do caso da colonização política e religiosa da Islândia.

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Um padre missionário que não vê o mundo à sua frente
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As sombras de Carl Dreyer e Joseph Conrad combinam-se em Terra de Deus, relato do confronto entre a “austeridade protestante” de um missionário dinamarquês do século XIX e a indomável paisagem (geográfica, cultural, humana) da Islândia. Visualmente, é duma solenidade maneirista tão dominada como caricatural, qualquer coisa perto do kitsch (do formato 1.33 da imagem, um “quadrado” parcialmente justificado pelas fotografias tiradas pelo padre missionário, aos efeitos ópticos que misturam a objectividade fotográfica com uma “visão interior” do protagonista), falsamente austeritária (apenas “pesada”) a partir do momento em que se converte num permanente efeito de espectáculo, espécie de Dreyer para quem nunca viu Dreyer. Terá os seus fãs (ou tem mesmo, a julgar por muitas reacções da crítica internacional); a nós gera mais uma irritação que vai batendo devagarinho, devagarinho, até fazer uma mossa que danifica por completo a relação com o filme – que nessa altura ainda nem vai a meio, é enorme, tem quase duas horas e meia.

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