Manifestação no Chiado contra exploração de minério em mar profundo

Activistas entregaram já uma petição com cerca de 3000 assinaturas no parlamento pedindo uma moratória para proteger o mar profundo.

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Activistas e cientistas querem conseguir tempo para estudar melhor o mar profundo, antes de se avançar para a exploração de recursos Diane Keough/GettyImages

Três organizações de defesa do ambiente concentraram-se esta quarta-feira, em Lisboa, para exigir do Governo português uma "posição clara" sobre a exploração de minério em mar profundo, esperando que siga o exemplo de outros países na defesa de uma moratória.

"A mineração em mar profundo é algo que ainda não está a acontecer, mas já há empresas internacionais que estão interessadas em avançar, já fizeram saber que têm os meios e o dinheiro", disse Ana Matias, da Sciaena, que promoveu a iniciativa juntamente com mais duas organizações não-governamentais, a ANP

WWF e a SOA (Sustainable Ocean Aliance).

Num dos locais mais turísticos de Lisboa, o Chiado, instalaram cartazes com palavras de ordem em inglês, no âmbito de uma campanha europeia contra a mineração em mar profundo, enquanto três bailarinos, vestidos com fatos de plástico simulavam a atrofia da vida marinha, numa performance desenrolada sobre tapetes de borracha, estendidos junto à estátua do poeta Luís Vaz de Camões.

"É o ecossistema menos conhecido do planeta e onde está na iminência de se iniciar uma actividade altamente impactante, extractiva e que pode influenciar de forma irreversível o mar profundo", afirmou Ana Matias.

Os activistas entregaram já uma petição com cerca de 3000 assinaturas no parlamento e lamentam ainda não terem conseguido chegar à fala com o Governo. De acordo com a mesma fonte, pelo menos uma grande empresa solicitou já licença para iniciar a mineração em mar profundo, numa área internacional, no oceano Pacífico.

"Pedimos que Portugal defenda uma moratória, no âmbito destas negociações internacionais, da Autoridade Internacional para os Fundos Marinhos. Não o podendo fazer sozinho no âmbito da autoridade, não há qualquer razão para não o poder fazer nas águas nacionais", defendeu a porta-voz.

"Esta autoridade está a gerir 43% do solo do planeta, quase metade da superfície do planeta está a ser gerida por esta autoridade ", sublinhou. O objectivo é conseguir tempo para estudar melhor o mar profundo, antes de se avançar para a exploração de recursos.

A mineração em mar profundo destina-se a extrair minerais como cobre, cobalto, níquel ou manganês do fundo do mar, com maquinaria pesada a operar "em condições muito adversas e arriscadas" (elevada profundidade e sujeitas a grande pressão), "destruindo localmente ecossistemas e perturbando outros a largas centenas de quilómetros em redor", alertaram as organizações.