PP pressiona encontro com Vox para negociar apoio na Estremadura

Há obstáculos a um entendimento regional entre os dois partidos, incluindo as posições das chefias de ambas as formações em Madrid.

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María Guardiola, a líder do PP na Estremadura, na noite eleitoral Jero Morales/EPA
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A candidata do Partido Popular (conservador) na Estremadura espanhola, María Guardiola, apelou este sábado a negociações com o partido nacionalista, xenófobo e ultraconservador Vox, contrariando o líder do seu partido, Alberto Núñez Feijóo.

Guardiola fez também um repto ao líder do Vox, Santiago Abascal, para que “deixe” o candidato do partido na Estremadura, Ángel Pelayo, reunir-se e negociar consigo, já que “o futuro da Estremadura não se decide em nenhum lado que não seja aqui”, cita a Cadena Ser.

Nas eleições de domingo, 28 de Maio, o actual presidente da Estremadura, Guillermo Fernández Vara, do Partido Socialista (PSOE), foi o mais votado com mais 6200 votos do que a candidata do PP, mas tem o mesmo número de lugares na assembleia regional que o partido rival. Vara disse que tentaria manter-se na chefia do governo da região, mesmo sem números que lhe dessem uma maioria, segundo o diário El País.

O líder nacional do PP defendeu que deveria ser o partido mais votado a governar – no caso da Estremadura, seria o PSOE.

Guardiola, que teria uma maioria se aos seus 28 lugares se somassem os oito do Vox, deixou um recado a Feijóo, declarando que a decisão a tomar em relação a formar ou não governo será feita “sem tutelas” e “na Estremadura”.

Embora Guardiola e Ángel Pelayo, que se distingue por ser um negacionista das alterações climáticas, tenham combinado encontrar-se, a comunicação entre os dois até agora não passou de um telefonema rápido na segunda-feira e uma troca de mensagens na terça, falando da necessidade de uma reunião em breve. E esta reunião, sublinha o jornal El País, ainda não aconteceu.

"Central de Almaraz não pára"

Guardiola quer apenas ter o apoio dos radicais a um governo minoritário, e já disse até após a votação que não queria a integração do Vox no governo. Durante a campanha repetiu sempre o mesmo, indicando que tinha linhas vermelhas em relação ao partido em quatro temas: a violência machista, as causas LGBTQ+, o aborto e a imigração.

A conservadora anunciou, entretanto, algumas medidas que tomará caso chegue ao poder, incluindo baixar impostos, dinamizar o mundo rural, lutar contra o despovoamento e apoiar a tauromaquia, tudo temas caros ao partido radical. “O nosso programa coincide em 90% com o que os eleitores do Vox querem”, disse.

Já o próprio Vox não tem propriamente um programa para a Estremadura. Quando questionado sobre isso, o candidato local disse que o Vox é “um partido com vocação nacional”.

Até agora o partido só disse duas coisas sobre temas da região: “A central nuclear de Almaraz não pára e não se toca na barragem de Valdecaballeros”, disse Pelayo, citado pelo El País. O jornal acrescenta que esta indefinição complica as conversações programáticas entre as equipas do PP e do Vox. Uma fonte ligada a Guardiola diz que nem sequer há, ainda, informação sobre o que quereria o Vox em troca do seu apoio a um executivo conservador.

Por outro lado, o líder nacional do Vox, Santiago Abascal, já declarou que não quer que o partido repita “o erro” de Andaluzia ou Madrid, em que viabilizou executivos do PP (na Andaluzia, do PP e Cidadãos) sem participar neles, mas quer sim uma coligação como a de Castela e Leão, onde tem a vice-presidência e três dos dez lugares do executivo.

A isto, Guardiola respondeu com um repto directo, que foi também uma farpa, a Pelayo: “Estou convencida de que vou acabar por me entender com o candidato do Vox quando resolver ligar-me e sentar-se a falar comigo”, declarou. Gostaria de saber se está a ser manipulado pelo senhor feudal para que lhe diga o que temos de fazer nesta terra”, disparou.

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