Mais de 288 mortos no terceiro pior acidente de comboio da história da Índia

Sobreviventes relatam cenário de pesadelo com carruagens empilhadas e muitas pessoas feridas com gravidade.

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Um comboio descarrilou e outro, que seguia no sentido contrário, colidiu com ele Reuters/STRINGER
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Um comboio de passageiros descarrilou e foi atingido por outro que seguia no sentido contrário, colidindo ainda com um outro comboio de mercadorias que estava parado, deixando mais de 288 pessoas mortas, segundo um número avançado pela companhia os caminhos-de-ferro, citada pela agência Reuters. Os feridos superam os mil.

O número de vítimas do acidente, que aconteceu no estado de Odisha, perto de Balasore, na sexta-feira ao final do dia, pode ainda aumentar. Muitas das pessoas feridas estão em estado grave e os hospitais estavam a ter dificuldade para gerir o afluxo de vítimas.

“O hospital está cheio de pessoas feridas, Alguns estão deitados no chão”, disse um médico num hospital de Cuttak, citado pelo diário britânico The Guardian. “Muitos têm ferimentos graves. Cerca de 20 pessoas que estavam feridas e que atendi desmaiaram enquanto estava a tentar tratá-las.”

Um sobrevivente contou que estava a dormir e acordou quando a sua carruagem descarrilou. “Umas dez ou 15 pessoas caíram em cima de mim”, relatou a um canal de notícias da Índia. “Fiquei ferido na mão e pescoço. Quando saí, vi pedaços de corpos, uma perna aqui, uma mão ali.”

Foi o terceiro acidente com mais vítimas da história dos caminhos-de-ferro da Índia, disse Atul Karwal, responsável da Força Nacional de Resposta a Emergências, à agência de notícias indiana ANI.

Um dono de uma loja perto do local do acidente, Ashok Samal, contou ao Hindustan Times que estava a fechar quando ouviu um ruído ensurdecedor vindo da linha de comboio. Quando lá chegou, “havia pessoas a gritar e sangue por todo o lado”, no meio de carruagens dos comboios como que amontoadas umas em cima das outras.

“A força com que os comboios colidiram fez com que várias carruagens fossem esmagadas”, descreveu Karwal.

“Como ocorreu e porquê é algo que se saberá após uma investigação exaustiva, mas à primeira vista parece ter-se tratado de um erro humano”, disse um responsável da empresa ferroviária citado sob anonimato pela estação NDTV, de Nova Deli.

O primeiro-ministro, Narendra Modi, prometeu que quem for culpado pelo acidente será duramente castigado"​, cita a emissora britânica BBC, depois de ter visitado o local do acidente e se ter encontrado com alguns sobreviventes num hospital.

A operação de resgate, que envolveu equipas com cães e equipamento para cortar metal e libertar pessoas que estavam encarceradas, terminou entretanto no sábado, comunicou a empresa ferroviária, segundo a BBC, indicando que todas as pessoas que estavam presas nos destroços já tinham sido retiradas e todos os feridos transferidos para hospitais.

Além dos feridos, os hospitais receberam muitas pessoas que foram doar sangue.

O acidente de sexta-feira superou já o um dos piores até agora, em 1999, quando uma colisão frontal entre dois comboios causou 285 mortes.

Antes, os mais mortíferos tinham causado pelo menos 800 vítimas, um, e 350, outro. O primeiro ocorreu em 1981, quando as sete carruagens finais de um comboio de passageiros foram atingidas por um ciclone, saindo da linha e caindo num rio, fazendo oito centenas de mortos. O segundo aconteceu em 1995, quando morreram mais de 350 pessoas numa colisão de dois comboios a 200 quilómetros de Nova Deli.

O acidente desta sexta-feira, diz o diário norte-americano The New York Times, causou choque mesmo num país onde há mortes relacionadas com acidentes envolvendo comboios com alguma frequência.

Em 2021, por exemplo, registaram-se mais de 16 mil mortes em vários acidentes relacionados com comboios, incluindo pessoas colhidas ao atravessar linhas, diz ainda o jornal norte-americano, citando as estatísticas oficiais do país.

Os comboios indianos transportam mais de oito mil milhões de passageiros por ano. Nos últimos anos, tem havido mais investimento na ferrovia, mas este não tem chegado para compensar a falta de verbas das décadas anteriores.

As linhas de comboio do país percorrem uma distância de mais de 40 mil milhas, ou seja, quase 65 mil quilómetros, o que seria o suficiente, segundo o New York Times, para dar uma volta e meia à Terra.

Actualização a 4.6.2023: As autoridades indicaram que o número de vítimas mortais era de pelo menos 275, o que faz deste acidente o quarto pior da história da Índia (o terceiro pior ocorreu em 1999, quando uma colisão frontal entre dois comboios causou 285 mortes).

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