Livre e PAN aderem aos Verdes Europeus de olhos postos nas próximas eleições

Os deputados únicos do Livre e do PAN estão na Áustria nesta sexta-feira e sábado para o congresso dos Verdes Europeus, em que irá ser votada a sua adesão ao partido.

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Rui Tavares, co-porta-voz e deputado único do Livre LUSA/PAULO NOVAIS
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Inês Sousa Real, porta-voz e deputada única do PAN LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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O Livre e o PAN devem ser neste sábado eleitos membros efectivo e associado, respectivamente, do Partido Verde Europeu (PVE), no 37.º congresso extraordinário do partido, em Viena, e esperam que esta adesão seja uma mais-valia nas próximas eleições. A votação depende dos restantes membros deste grupo partidário, mas tanto um como outro tiveram recomendações favoráveis por parte do comité. Já o Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), embora não se vá opor, não está a favor da adesão.

Ao contrário do Livre, que desde a sua fundação, em 2014, tem procurado juntar-se à família verde europeia e que vai agora tornar-se num membro de pleno direito, o PAN será integrado como um membro associado. O partido iniciou o seu processo de candidatura em 2019, mas este foi interrompido em 2020 pela saída do eurodeputado Francisco Guerreiro do partido. Daqui a dois anos – período mínimo para um partido passar de aderente a efectivo –, contudo, o PAN pretende candidatar-se também a membro de pleno direito.

Ao PÚBLICO, o co-porta-voz do Livre, Rui Tavares, sinaliza que esta adesão será tanto benéfica para o PVE que passará a ter "uma voz do Sul da Europa e da Costa Atlântica autónoma, que está claramente à esquerda e traz causas de progresso", como para o Livre, que agora poderá ter "mais participação política para lá das fronteiras nacionais" com vista a, entre outros objectivos, avançar com a "democratização da UE".

Além disso, o deputado único do partido não descarta a importância que este passo pode ter para o Livre eleitoralmente. "As pessoas terão agora, pela primeira vez, a possibilidade de votar num membro de pleno direito com uma estratégia eleitoral autónoma, sem prejuízo de fazer coligações, da família verde europeia", afirma.

Também a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, assinala que a adesão ao PVE pode "ajudar a consolidar o posicionamento do PAN a nível europeu e daqui a um ano, nas eleições [europeias], a resgatar o lugar" no Parlamento Europeu (PE).

Até lá, a deputada única espera que o partido possa, por meio dos Verdes Europeus, "acompanhar os dossiers" do PE, de forma a "trabalhar em conjunto matérias como o hidrogénio verde, as centrais fotovoltaicas ou a produção eólica a par da dimensão económica num contexto de aumento do custo de vida e da inflação".

Comité dá parecer favorável. PEV com reservas

Portugal já se encontra representado no Partido Verde Europeu desde 1988 pelo PEV, que foi membro fundador da então Federação dos Partidos Verdes Europeus.

Segundo os relatórios de avaliação das candidaturas do Livre e do PAN, elaborados por uma delegação do PVE, a que o PÚBLICO teve acesso, "Os Verdes" consideram que são "o único partido verdadeiramente ecologista em Portugal” e que estas forças políticas “não são integralmente ecologistas”, tendo informado, por isso, a delegação de que “não estão a favor da adesão" dos partidos e "que preferiam ser o único membro de Portugal no PEV”. Apesar disso, “não vão opor-se activamente” à integração do Livre e do PAN, lê-se nos documentos.

O comité dos Verdes Europeus, por outro lado, considera que a "agenda política do Livre está alinhada com a do PVE e preenche todos os requisitos para um partido verde nacional, com uma abordagem pró-União Europeia clara e notável" e que também o PAN "provou estar alinhado com os princípios e valores" da família verde europeia.

O PVE conclui que ambos os partidos mostram "dinamismo e activismo" no campo das "alterações climáticas e da protecção ambiental, justiça social, direitos humanos, migrações, direitos LGBTQI+ e feminismo" e que têm uma "estrutura interna democrática, atenção ao equilíbrio da representação de género e um envolvimento activo por parte dos jovens".

No caso do Livre, os Verdes Europeus salientam ainda como positivo o "forte nível de confiança e colaboração" que conseguiram criar desde que iniciaram "relações bilaterais" em 2014, o que, notam, "permitiu ao PVE seguir o progresso do Livre".

E referem que existe uma "percepção generalizada de que o Livre tem uma boa oportunidade de capitalizar as eleições europeias" devido à relevância que dá à "dimensão europeia" e ao facto de "muitos eleitores estarem descontentes com o Governo socialista".

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