O poder imenso do silêncio
Uma mulher pequena, com um hábito escuro, perfeitamente imóvel diante de um enorme edifício de pedra e, como ruído de fundo, o mar
O professor Espinosa estacionou o carro em frente ao portão do asilo e tocou o sino. Esperou impaciente, dando voltas no mesmo sítio. O vento marítimo despenteava-o. Tirou os óculos para limpar as lentes. Foi a irmã dos gritos que se aproximou do portão. Não o abriu, pois não havia nenhuma reunião agendada. O professor, através das grades do portão, explicou o que se passava, perdi o meu chapéu, irmã, tem um valor sentimental, desmesuradamente infinito, não sei se está a ver o tamanho do amor que tenho a esse objecto, e daria dois braços e duas pernas para o reaver, mas para isso precisava da morada do Alberto o mais rapidamente possível, o pai de uma das meninas que estão aqui, não me lembro do nome dela. NEM PENSAR, disse a irmã dos gritos, NEM PENSAR, NÃO PODEMOS DAR AS MORADAS DOS FAMILIARES DAS MENINAS ÓRFÃS E DESVALIDAS A DESCONHECIDOS. POR QUEM NOS TOMA? Ouça, insistiu o professor, e se eu contribuir com uma doação para a ordem das irmãs cardiognósticas de, de… AMMA JOQUEBE, completou a irmã dos gritos. NÃO INSISTA. Virou as costas e afastou-se.
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