Programa Alimentar Mundial em risco de cortar ajuda a Gaza “nos próximos dias”

Algumas famílias já receberam avisos de que em Junho não vão receber o voucher para alimentos.

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Colheita de trigo em Khan Younis, na Faixa de Gaza, onde a ONU pede financiamento urgente para vouchers de alimentação IBRAHEEM ABU MUSTAFA/Reuters
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As Nações Unidas alertaram esta semana para o risco de não conseguirem dar ajuda humanitária a centenas de milhares de palestinianos já nos próximos dias – o mais recente aviso de uma série de chamadas de atenção que vêm a ser feitas há semanas pela ONU e pelo seu Programa Alimentar Mundial (PAM).

Esta terça-feira, num briefing em Nova Iorque, um porta-voz do secretário-geral da ONU avisou que as verbas para alimentação para a Faixa de Gaza estão a acabar, cita o diário israelita Haaretz. “O PAM diz que está a enfrentar uma situação grave na Palestina com a suspensão da ajuda a mais de 200 mil pessoas prevista para Junho, se não houver financiamento urgentemente”, declarou.

Este número corresponde a 60% das pessoas que beneficiam do programa nos territórios palestinianos, disse pelo seu lado Alia Zaki, porta-voz do PAM, à agência de notícias turca Anadolu.

E há ainda o medo de que mais programas sejam obrigados a fechar no território, acrescentou o porta-voz da ONU. “Sem o apoio financeiro necessário, o PAM irá ser forçado a suspender totalmente as suas operações até Agosto”, acrescentou. “Isso quer dizer que 350 mil dos palestinianos mais vulneráveis e em situação de insegurança alimentar vão ser privados da assistência que lhes permite alimentar as suas famílias”.

O PAM já começou há algumas semanas a avisar pessoas que não iriam receber o voucher para comprar alimentos em Junho. O programa, especifica o Middle East Monitor, dá ajuda humanitária à população não refugiada (esta recebe apoio de outra agência das Nações Unidas especificamente para refugiados palestinianos, a UNRWA, que também fez já este ano um apelo de emergência).

A Al-Jazeera ouviu Aisha Abu Obeid, licenciada em História, e o marido, Suliman, licenciado em Aconselhamento Psicológico, que têm sete filhos e que, num território com 45,3% de taxa de desemprego, não conseguem encontrar trabalho.

A mensagem do PAM chegou no início de Maio, atingindo-a como um soco. “Pensei que a minha alma me deixava”, desabafou Aisha Abu Obeid. “Este voucher costumava servir para as necessidades básicas de comida da minha família, estava ansiosa por ele no início de cada mês”, disse. O voucher mensal, que recebeu no último ano e meio, dava o equivalente a cerca de 100 euros por mês.

Isto foi ainda antes de outro acontecimento: durante os ataques de Israel contra a Jihad Islâmica, a casa da família foi destruída num bombardeamento. “Estou destroçada. Não temos fonte de rendimento, perdemos o voucher que mal dava para alimentar os nossos filhos… e agora perdemos a casa.”

O porta-voz da ONU sublinhou também que o mais recente conflito em Gaza deixou a situação na Faixa de Gaza ainda pior.

anos que a Faixa de Gaza está à beira de um colapso humanitário, que vai sendo evitado por pouco, com 80% da população a depender de ajuda humanitária. O dia-a-dia no território é muito precário, com o fornecimento irregular de electricidade a marcar toda a vida das pessoas, já feita num ambiente de falta de perspectivas de futuro e de grande dificuldade em sair por causa do bloqueio imposto por Israel e pelo Egipto.

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