Seca, granizo e o silêncio ultrajante da CAP
O país deve ser tratado todo por igual e, se tiver que haver discriminação, manda o mais elementar bom senso que se beneficie quem mais necessita.
Foi triste, para não dizer ultrajante, ouvir esta semana os dirigentes da Confederação da Agricultura de Portugal (CAP) reclamar uma vez mais do Governo o pagamento antecipado, à revelia de Bruxelas, de ajudas aos agricultores atingidos pela seca deste ano, maioritariamente do Alentejo e do Algarve, e, ao mesmo tempo, assistir ao seu silêncio perante a desgraça que se abateu sobre milhares de agricultores de minifúndio com a queda de chuvas violentas e de granizo nos distritos do interior Norte. Fui espreitar o site da CAP na passada quarta-feira (quando este texto foi escrito e já eram conhecidos os estragos em milhares de hectares de pomares e vinhas nos distritos de Vila Real e Bragança, por exemplo) e não havia uma única referência ou notícia sobre o ocorrido. Numa altura de temporal devastador numa parte do país, ver a CAP insistir em apoios por causa da seca mostra bem o carácter elitista desta confederação, sempre mais preocupada com os interesses dos seus associados do latifúndio alentejano.
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