Há 55 aeronaves disponíveis para combater fogos, menos 17 do que o previsto
Cinco helicópteros Kamov tiveram aval para operar esta noite. A Força Aérea ainda espera ter mais de uma dúzia e meia de aparelhos a operar durante este mês.
O dispositivo de combate aos incêndios rurais tem a partir desta sexta-feira disponíveis 55 aeronaves, menos 17 do que as 72 previstas e menos cinco do que o ano passado. Os três helicópteros pesados Kamov que deviam estar a operar a partir desta quinta-feira tiveram esta noite o aval da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), tendo o rol de autorizações incluído mais dois destes aparelhos.
Isso mesmo transmitiu fonte oficial da ANAC ao PÚBLICO perto das 23h: "Foi emitida autorização para os cinco Kamov".
Na quarta-feira, a ANAC informara o PÚBLICO que “ainda estava em curso o processo de análise e emissão da autorização para operar os três helicópteros Kamov”.
O regulador aéreo explicava que se encontra a verificar “os requisitos de capacidade técnica das aeronaves e das bases operacionais, com base na documentação que o operador já remeteu à ANAC e da que se aguarda que remeta nos próximos dias, dado que o processo não foi devidamente instruído”.
No ano passado os aparelhos estavam a ser operados por uma empresa moldava, subcontratada pela Heliportugal, mas este ano tal está a ser assegurado por uma empresa ucraniana.
A ANAC acrescenta que, “para acelerar o processo, entrou em contacto com a autoridade de aviação civil ucraniana, pelo que se aguarda a qualquer momento uma resposta”. Luís Ferreira, presidente executivo da Heliportugal, dissera na manhã desta quinta-feira ao PÚBLICO que acreditava que o aval da ANAC estava por horas e que deveria abarcar, além dos três Kamov contratados nos últimos anos, mais dois extras.
A Força Aérea Portuguesa confirma a contratação deste dois helicópteros extras e explica porquê. “Estava prevista a operação de mais dois aviões anfíbios pesados, equipados com motores de turbina, cuja contratação não se confirmou, uma vez que os preços oferecidos pelo mercado não eram compatíveis com o montante da despesa aprovada para o efeito e, pelo facto, de não estarem disponíveis no mercado europeu. Em alternativa, estes dois aviões anfíbios pesados foram substituídos pela contratação de dois helicópteros pesados adicionais, cuja contratação está em curso, prevendo-se a sua entrada em operação após 1 de Junho”, adianta numa resposta enviada esta quarta-feira ao fim da tarde.
Nessa altura a expectativa da Força Aérea era que estivessem a operar esta quinta-feira 30 helicópteros ligeiros, 18 aviões anfíbios médios, dois pesados e os três helicópteros Kamov. Estas aeronaves devem operar até 30 de Setembro.
Este ano tem sido mais difícil
No entanto, ainda há processos de contratação ou autorização a decorrer relativamente a 20 aparelhos (incluindo os dois Kamov extra), segundo referiu a Força Aérea à Lusa. “Estes entrarão ao serviço ao longo do mês de Junho à medida que esses processos vão sendo concluídos”, precisou este ramo das Forças Armadas citado pela Lusa.
Este ano tem sido mais difícil do que o habitual contratar aeronaves, já que devido à intensidade que os incêndios rurais do ano passado registaram em vários países do Norte da Europa houve um aumento da sua procura.
As empresas que alugam habitualmente estas aeronaves ao Estado português alegam ainda que a conjuntura económica global levou a um aumento de preços generalizado que se reflecte nos helicópteros e nos seus componentes. Dizem que os pilotos também exigiram aumentos e que os seguros subiram devido aos acidentes que ocorreram nos últimos anos.
Facto é que os preços dispararam e, como vários contratos de aluguer plurianuais tinham terminado o ano passado, quando o Estado lançou novo concurso em Outubro passado, alguns lotes tiveram todas as propostas excluídas, porque ultrapassavam na maioria dos casos mais de 50% do preço-limite. Ficaram por contratar 33 helicópteros ligeiros, além dos dois aviões pesados.
A Força Aérea lançou novo concurso que permitiu alugar mais 19 helicópteros, mas, explica ao PÚBLICO, não foram “recebidas ou admitidas propostas para os restantes 14 helicópteros, estando estes a ser contratados por ajuste directo”.
O dispositivo de combate aos fogos passa esta quinta-feira a integrar 11.761 operacionais, apoiados por 2585 veículos. Nesta fase continuam a funcionar apenas 77 postos de vigia, um número que cresce para os 230 a partir de 1 de Julho. Nessa altura, o dispositivo passa a contar com 13.891 elementos, apoiados por 2990 viaturas.
Notícia actualizadas às 23h30 com informação do aval do ANAC aos cinco Kamov