Plácido Domingo actua em Lisboa em Outubro

Cantor espanhol vem sendo acusado de assédio sexual por várias mulheres. Investigação da American Guild of Music Artists deu como provada a sua “má conduta”, mas os casos nunca chegaram a tribunal.

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Plácido Domingo no Pavilhão Atlântico em 2007 João Matos

O tenor espanhol Plácido Domingo regressa a Portugal este ano, para um concerto em Lisboa em Outubro, no qual será acompanhado pela orquestra Sinfonietta de Lisboa, anunciou esta quinta-feira a promotora do espectáculo.

"Com um novo concerto, cujo programa promete ser inesquecível, Plácido Domingo, um dos maiores nomes da ópera mundial, apresentará as canções mais populares do seu extenso repertório a 15 de Outubro, na Altice Arena, em Lisboa", refere a CV Music em comunicado.

Os bilhetes para o concerto em Lisboa já estão à venda e os preços variam entre os 45 e os 150 euros.

A CV Music recorda que Plácido Domingo, "intérprete de grandes temas mundiais e protagonista de filmes de ópera, sob a direcção de Francesco Rosi e Franco Zeffirelli", foi também "director de diversos teatros, promotor de jovens talentos e fundador do prestigiado concurso mundial de ópera Operalia, promovendo também a zarzuela em todo o mundo".

Nos últimos anos, o cantor foi confrontado com várias acusações de assédio sexual, embora nenhuma tenha chegado a tribunal.

Em Agosto de 2019, uma extensa investigação da agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) expunha as acusações de oito cantoras e uma bailarina, que disseram ter sido assediadas sexualmente por Plácido Domingo. Os actos denunciados terão ocorrido ao longo de três décadas, nomeadamente em companhias de ópera onde o cantor ocupava cargos de direcção. Muitas das queixosas mencionaram ter sido avisadas por colegas para nunca ficarem a sós com o tenor.

Seis outras mulheres relataram depois à AP avanços que lhes causaram desconforto, em particular uma cantora que Plácido Domingo repetidamente convidou para sair, depois de a ter contratado para uma série de concertos na década de 1990.

Adicionalmente, quase 30 outras pessoas ligadas à indústria musical, desde cantoras a músicos de orquestra, passando por professores de canto e administradores, confirmaram ter testemunhado comportamentos impróprios de índole sexual por parte do cantor espanhol, na altura com 78 anos.

Sete das nove mulheres disseram acreditar que as suas carreiras foram prejudicadas por terem rejeitado os avanços sexuais de Plácido Domingo.

Na altura, contactado pela AP, Plácido Domingo não respondeu especificamente às acusações, declarando considerar "profundamente perturbadores" e "imprecisos" os relatos trazidos a público por "pessoas cujo nome não é divulgado e que remontam até há 30 anos".

"Ainda assim, é doloroso ouvir que posso ter incomodado alguém ou causado desconforto, não importa há quanto tempo e apesar das minhas melhores intenções. Acreditei que todas as minhas interacções e relações foram sempre bem-vindas e consensuais. Quem me conhece ou trabalhou comigo sabe que não sou alguém que intencionalmente magoasse, ofendesse ou embaraçasse outra pessoa", acrescentou então o cantor, lembrando que "as regras e padrões" de hoje são "muito diferentes do que foram no passado".

Uma investigação independente, conduzida em 2020 pela American Guild of Music Artists, na sequência destas acusações, confirmou "má conduta sexual" por parte de Plácido Domingo. Já antes, em Outubro do ano anterior, o cantor se havia demitido do seu cargo de director-geral da Ópera de Los Angeles, que ocupava desde 2003.

Entretanto, em Janeiro deste ano, surgiu uma nova acusação visando o tenor. Uma cantora que pediu anonimato alegou que Plácido Domingo tentou tocar-lhe num teatro em Espanha no início dos anos 2000. Em declarações ao canal de televisão espanhol La Sexta, a cantora disse ainda que, numa outra ocasião, o tenor tentou beijá-la.