Turismo de Portugal homenageia José Pinho: um “inigualável contributo” para o turismo literário

Os festivais Fólio e Literatura e Viajantes, em Óbidos, são duas das criações de José Pinho, que morreu nesta terça-feira. Em Lisboa, a sua Ler Devagar é um espaço icónico, incluindo para turistas.

Foto
José Pinho na Ler Devagar Andreia Carvalho
Ouça este artigo
--:--
--:--

O Turismo de Portugal emitiu esta quarta-feira uma nota de pesar pela morte de José Pinho, "prestando-lhe o reconhecimento público pelo seu inigualável e inapagável contributo para a construção e afirmação do Turismo Literário em Portugal". O editor e livreiro morreu nesta terça-feira, aos 69 anos.

José Pinho, além de fundador da icónica livraria Ler Devagar — primeiro no Bairro Alto, depois e agora na Lx Factory — e presidente da Rede de Livrarias Independentes, foi também fundador e promotor de certames tão marcantes para os livros e literatura, como para o turismo em redor destas artes.

"Entre as muitas e significativas realizações dedicadas ao livro e à literatura portuguesa", sublinha o Turismo de Portugal na nota enviada ao PÚBLICO, "destacou-se como fundador e promotor do Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos e, na mesma geografia, do Latitudes - Festival de Literatura e Viajantes".

Estabelecendo a "estreita ligação com o turismo" destes certames, marcantes na dinamização de Óbidos e na sua elevação a Vila Literária, o Turismo de Portugal evoca a "inesgotável energia e entusiasmo, associada a uma notável capacidade de fazer acontecer" de José Pinho. Em Óbidos, criou também uma livraria na Igreja de São Tiago e várias outras noutros pontos da vila.

Além destes festivais em Óbidos, foi também responsável em Lisboa pelo 5L, festival literário iniciativa da autarquia alfacinha que "celebra simultaneamente a língua, a literatura, os livros, as livrarias e a leitura". Este mês, a 4.ª edição do evento tinha por tema "Centro e Fugas".

No templo da Ler Devagar

Já a sua livraria Ler Devagar tornou-se não só uma meca para os amantes da literatura, mas também uma atracção turística de Lisboa. Assim era no Bairro Alto, onde foi fundada em 1999; e a assim é na cosmopolita Lx Factory, onde se instalou em 2009, definitivamente, após algumas deambulações pela cidade.

Foto
Ler Devagar, na LX Factory Andreia Carvalho

Além dos milhares de livros propostos, há também o espaço, igualmente com a marca da arte de Pinho, e são as imagens deste, particularmente da sua "bicicleta voadora" (uma das "máquinas poéticas" criadas pelo artista Pietro Proserpio para o local), que surgem em muitas revistas e reportagens de viagens sobre Lisboa. Os turistas e instagrammers têm aqui um dos seus espaços alternativos favoritos – "An aesthetic paradise for bookworms", diz uma fã, @saratestini_, no Instagram (um "paraíso estético para os amantes de livros", ou "ratos de biblioteca").

A livraria fica nos (grandes e arejados) espaços da histórica Gráfica Mirandela, da qual manteve máquinas e uma espécie de núcleo museológico, tão apurado que nas suas rotativas ainda se vislumbram as páginas como que a ser impressas de um jornal, PÚBLICO.

Quem quiser homenagear José Pinho com uma ida À Ler Devagar, poderá fazê-lo mesmo por estes dias, porque o seu mentor também concordaria que a melhor homenagem é "continuar": para esta quarta-feira, por exemplo, está até confirmado que se mantém o lançamento de um livro (18h30), Já Não Sou o Que Era Agora Mesmo, de João Francisco Lima.

"Perdemos o Zé", lê-se no Facebook da Ler Devagar, "mas não perdemos aquilo que nos ensinou, que a dinâmica é fundamental, que a livraria não fecha, que continuamos aqui para continuar o trabalho". E termina: "Até já, Zé".

O velório de José Pinho decorre nesta quinta-feira, entre as 16h30 e 0h, noutro espaço inovador em que estava a trabalhar: a Ler Devagar/CCBA - Centro Cultural do Bairro Alto, na Rua da Rosa cuja inauguração deverá ocorrer em Junho (na sexta-feira, o funeral sai às 12h30 para o crematório do cemitério do Alto de S. João).

Sugerir correcção
Ler 1 comentários