FEP: 70 anos de uma forte ligação à realidade envolvente

As comemorações iniciam-se a 2 de Junho com uma conferência sobre competitividade, em que é oradora a comissária europeia Elisa Ferreira.

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Ines d'Orey
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O que é diferenciador na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) é a ligação que sempre manteve à realidade económico-social da região, combinada com a qualidade do ensino e da investigação. É assim que o Professor Freire de Sousa, Presidente da Comissão Organizadora dos 70 anos da FEP, olha para o papel daquela que foi uma das mais primeiras instituições do ensino superior de Economia em Portugal.

Essa foi a expressão inicial da faculdade e é – advoga – o espírito que se procura manter sempre vivo, nunca perdendo a ligação intrínseca e muito umbilical ao tecido económico que a envolve.

Uma ligação que é retribuída, com o também presidente do Conselho Geral da Universidade do Porto a mostrar-se convicto de que os principais agentes empregadores, sejam empresas, sejam instituições, reconhecem, no ensino da FEP, qualidade e utilidade. No seu entender, a forma como os agentes económicos olham para a faculdade determina uma empregabilidade maior. Sem prejuízo de haver alunos que farão a continuidade dos seus estudos noutras geografias, o que considera, aliás, desejável, porque “significa a diminuição de um certo localismo que poderia tender a existir”.

Quando a FEP foi criada, não havia ainda instituições como as faculdades de Aveiro ou do Minho, o que – relembra – gerou “um certo monopólio da formação em Economia”. Mas, agora, num cenário de maior concorrência, “é importante que a faculdade mantenha a dupla capacidade que foi tendo ao longo do tempo, almejando uma maior qualidade do ensino e da investigação, sem perder uma ligação forte à realidade envolvente”.

70 anos, 70 nomes

É esta trajectória que será honrada ao longo de um ano, no âmbito das comemorações do 70.º aniversário, uma oportunidade para agitar a bandeira da qualidade da FEP e as suas especificidades. Para esse desiderato contribuirá a Comissão de Honra, constituída por 70 pessoas, que têm como denominador comum o facto de serem relevantes para a faculdade, nela tendo sido formados ou leccionado, mas também partilhando o desempenho, no passado ou no presente, de funções de primeira linha para o País.

Assim, desses 70 nomes, 21 foram ou são titulares de cargos governativos; cerca de outros 20 desempenham ou desempenharam funções públicas relevantes, seja no Parlamento, nas Universidades, nas autarquias ou em organismos regulamentadores; e, finalmente, têm ainda lugar nesta comissão figuras que assumem funções empresariais proeminentes, como presidentes ou CEO de grupos bem-sucedidos, com sustentação.

Conferências com história

As comemorações destas sete décadas de existência começam, a 2 de Junho, com uma sessão solene e a primeira de cinco conferências previstas até Maio de 2024, as quais se propõem promover uma reflexão sobre áreas-chave da Economia e da Gestão, ao mesmo tempo projectando o futuro da própria faculdade. Assim, “A Competitividade Portuguesa e a Coesão Europeia” é o tema inaugural, a abordar pela Comissária Europeia e antiga estudante da FEP Elisa Ferreira, a qual contará com a moderação de Manuel Carvalho, do PÚBLICO.

Todas as conferências têm uma “história particular”. A segunda, agendada para 29 de Setembro, alude ao facto de, nos anos 1990, a faculdade ter começado a ensinar Gestão. Daí o tema “Gestão de Empresas e os Gestores Portugueses”.

Outro elemento distintivo da FEP é a multidisciplinaridade, o convívio entre várias linguagens, como a Contabilidade e o Direito, assim se explicando o debate sobre “A Interdisciplinaridade e o Futuro da Universidade”, a acontecer a 4 de Dezembro.

E, porque, neste ano comemorativo, há outra efeméride a assinalar – a dos 50 anos do edifício da FEP, em 2024 – também o eco-sistema arquitectónio em que a faculdade se insere estará em foco, com uma conferência protagonizada pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura. No calendário a 23 de Fevereiro, será subordinada ao tema “A Arquitetura, Viana de Lima e o Edifício da FEP”, evocando assim o autor do mesmo.

A finalizar este ciclo, a proposta da Comissão Organizadora versa uma reflexão sobre “A Pobreza no Mundo e a Busca de Sinais de Esperança”, tendo sido convidada a economista franco-americana Esther Duflo, Prémio Nobel da Economia 2019, um nome que ainda está sujeito a confirmação.

“São conferências que têm uma razão de ser”, enfatiza o Professor Freire de Sousa. Trata-se de afirmar a FEP como uma instituição de excelência no ensino e na investigação em Economia e Gestão.