Tribunal de Moscovo mantém em prisão preventiva duas artistas russas

A encenadora Evguenia Berkovich e a dramaturga Svetlana Petriychuk, autoras da produção teatral Finist, o Bravo Falcão, foram detidas a 5 de Maio, acusadas de “apologia do terrorismo”.

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Evguenia Berkovich na audiência desta terça-feira MAXIM SHIPENKOV/EPA
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O Tribunal de Moscovo decidiu esta terça-feira manter em prisão preventiva, até ao início de Julho, a encenadora Evguenia Berkovich e a dramaturga Svetlana Petriychuk, mantendo a acusação proferida no início de Maio de que as duas artistas russas fizeram a “apologia do terrorismo”.

Em causa está o espectáculo de teatro Finist, o Bravo Falcão, que Berkovich e Petriychuk levaram ao palco em 2020, com base numa peça de Lev Potyomkin (também já deu um filme), e que, partindo de factos reais, conta a história de jovens mulheres russas recrutadas na Internet por combatentes do Estado Islâmico, e que a eles se juntaram na Síria para contrair matrimónio.

Na audiência agora realizada, Evguenia Berkovich foi também acusada de fazer “propaganda de feminismo radical”, noticia o diário francês Le Figaro; enquanto a Svetlana Petriychuk foi mantida a acusação de “apologia do terrorismo”.

Segundo a argumentação apresentada em tribunal pela acusação, a encenadora russa associou o tema do islamismo radical ao seu “feminismo radical”, uma tese que a sua advogada, Ksenia Karpinskaïa, considerou “delirante”.

Na sua defesa, feita por videoconferência a partir da prisão, Berkovich lembrou que a produção teatral de Finist, o Bravo Falcão tinha sido apoiada pelo Ministério da Cultura russo: “Acreditam que o Ministério nos deu os rublos para fazermos propaganda do terrorismo?”, perguntou, citada pelo site Mediazona. E à acusação de “feminismo radical”, contrapôs: “Dizem que faço a propaganda do feminismo radical, que defenderia que uma mulher não deve criar filhos. Meritíssimo juiz, o que eu quero agora, acima de tudo, é cuidar dos meus filhos”, argumentou Berkovich, que é mãe adoptiva de duas crianças.

No final da audiência, o Tribunal de Moscovo decidiu manter as duas mulheres em prisão preventiva por mais um mês, correndo elas ainda o risco de uma pena de prisão até sete anos, avança o Figaro.

Evguenia Berkovich publicou, no ano passado, vários poemas denunciando a invasão da Ucrânia decidida pelo Kremlin. O actual processo associa-se a outros levantados contra artistas que têm vindo a criticar a política e o regime de Vladimir Putin.

No dia 10 de Maio, o jornal russo independente Novaya Gazeta lançou uma carta aberta a contestar a acusação a Berkovich e Petriychuk de “apologia ao terrorismo” – no início desta semana, a petição contava já mais de 16 mil assinaturas.

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