Matilde Campilho é a convidada do Encontro de Leituras de Junho
A escritora portuguesa irá discutir no clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo, a 13 de Junho, às 22h de Lisboa (18h de Brasília), Flecha, o seu primeiro livro em prosa.
“Um cigano percorre a pé uma estrada de terra, toda rodeada de carvalhos. No ombro leva pousado um grilo, que canta durante a viagem inteira. Já estão nisto há vários dias. E ainda têm, o grilo e o homem, um par de dias pela frente.” Esta é uma das micro-histórias de Flecha, de Matilde Campilho, livro que estará em discussão no próximo Encontro de Leituras.
A próxima sessão do clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo acontece a 13 de Junho, às 22h de Lisboa (18h de Brasília) no Zoom, como habitualmente, estando aberta a todos os que queiram participar. A ID é a 863 4569 9958 e a senha de acesso 553074. Aqui fica o link.
Flecha é o primeiro livro de prosa da escritora portuguesa, que se estreou em 2014 com o volume de poemas Jóquei. Saiu em Portugal pela Tinta-da-china em 2020, e dois anos depois no Brasil, pela Editora 34. As edições são um pouco diferentes. Por exemplo, o ensaio que fechava o livro em Portugal abre-o no Brasil.
No prefácio da edição brasileira, a autora dá conta de algumas alterações: “Retirei histórias que me pareciam sobrar, acrescentei duas que na época tinham ficado de parte. Nalguns textos alterei pontuação, uma palavra ou outra, posso até ter trocado a ordem dos acontecimentos em situações específicas”, escreve. Mas o livro, no seu âmago, é o mesmo: “um conjunto de histórias independentes”, “conectadas pela passagem da flecha que as atravessa”.
“Um equilibrista estica uma corda de aço entre uma árvore e outra”: é outra das imagens deste livro. Campilho queria que fosse feito de “pequenos momentos atravessados por alguma coisa”, como disse ao Ípsilon, em 2020, numa entrevista ao jornalista Mário Santos. Contou então que quando já ia a meio da escrita leu Tratado de Funambulismo, de Philippe Petit (V.S. Editor): “Petit só fala de como cuidar do cabo, de como caminhar sobre o cabo, de como largar o cabo, e aquilo para mim, aqueles passos que ele dava em cima do arame, estavam muito ligados com este livro, que quase se chamou ‘arame’. Mas seria uma coisa um bocadinho áspera e escura e quase farpada. A ideia da flecha apareceu quase subitamente.”
Para a co-autora e locutora do programa de rádio semanal Pingue Pongue, da Antena 3, Flecha compõe-se de “retratos imaginários” que podem ter dentro deles paisagens, objectos, gestos, animais, pessoas, animais… “Alguns absolutamente inventados, outros nascidos de um qualquer acontecimento que de facto terá ocorrido”, como escreve na edição brasileira. “Por vezes, essas coisas vivas e mortas misturam-se num só retrato, como acontece na vida fora de páginas”, conclui no prefácio da edição portuguesa.
O Encontro de Leituras junta leitores de língua portuguesa uma vez por mês para debater romances, ensaios, memórias, literatura de viagem ou obras de jornalismo literário na presença de um escritor ou especialista convidado. É habitualmente moderado pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo Leituras, o site do PÚBLICO dedicado aos livros, e por Eduardo Sombini, que estará ausente nesta sessão e irá ser substituído por outro jornalista da Folha de S. Paulo a anunciar.
Os melhores momentos de cada sessão podem ser ouvidos no podcast Encontro de Leituras.