Maria Catarina Botelho é a vencedora do 3 Minutos de Tese da Universidade de Lisboa

Investigadora do Instituto Superior Técnico é a primeira vencedora desta iniciativa de comunicação de ciência na Universidade de Lisboa, com um projecto que permite detectar doenças através da fala.

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O reitor da Universidade de Lisboa ao lado dos três primeiros classificados dos 3 Minutos de Tese Nuno Ferreira Santos
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É uma prova em contra-relógio. A contagem decrescente começa nos três minutos e, em cima de um palco, o desafio é explicar uma tese de doutoramento que demora três ou quatro anos (ou até mais) – mas nos tais três minutos. Na primeira edição do concurso 3 Minutos de Tese na Universidade de Lisboa, 12 estudantes de doutoramento mostraram que a ciência que fazem todos os dias não é algo impossível de explicar. Depois de vários cientistas no palco, a primeira vencedora do 3 Minutos de Tese está encontrada: Maria Catarina Botelho, estudante de doutoramento no Instituto Superior Técnico, e que quer detectar doenças através da fala.

“Quando alguém fala, mesmo que não percebamos as palavras, conseguimos perceber intenções, informação demográfica, e é também possível identificar informação do estado de saúde”, explicou a vencedora do 3 Minutos de Tese na sua apresentação – e que sai agora premiada com 5000 euros. Através de um algoritmo treinado para identificar os padrões da nossa voz e fala, o projecto de Maria Catarina Botelho permite diagnosticar correctamente casos de apneia do sono e, no futuro, outras doenças neurológicas ou respiratórias. “Não é necessário acesso a centros hospitalares ou exames caros, só precisamos de um microfone”, conclui a investigadora na sua apresentação.

Maria Catarina Botelho admite que este desafio de transformar o seu projecto numa apresentação para uma plateia que não é da mesma área já a entusiasmava. E acrescenta, ao PÚBLICO, que é um trabalho importante dentro da ciência: “É um exercício giro para nós: tentar decompor o que fazemos e dar uma ideia geral para o público que não é da área. Quando falo com amigos, já tento fazer este exercício de explicar por palavras mais simples, mas sem perder o rigor científico”, diz.

Em segundo lugar, depois de um empate mencionado pela apresentação do concurso, ficou Patrícia Chaves, da Faculdade de Ciências de Lisboa, que investiga a melhor forma de conjugar as aves e morcegos nos arrozais da Guiné-Bissau com uma agricultura sustentável. Matteo Pisano, do Instituto Superior Técnico, foi premiado com o terceiro lugar, com um projecto para compreender melhor os primórdios do nosso Universo.

É a primeira vez que esta iniciativa decorre na Universidade de Lisboa, instituição que organizou o concurso em parceria com o jornal PÚBLICO e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). O 3 Minutos de Tese teve 12 finalistas em competição esta terça-feira ao final da tarde, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa. A cerimónia pode ser revista nos canais do PÚBLICO.

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Os 12 finalitas do concurso 3 Minutos de Tese da Universidade de Lisboa Nuno Ferreira Santos

Além do vencedor, o segundo e terceiro classificado também receberam um prémio monetário pelo seu desempenho – com 2000 euros e 1000 euros atribuídos, respectivamente. A votação esteve a cargo de um júri composto por investigadores de diferentes áreas da Universidade de Lisboa e por especialistas em comunicação de ciência.

Os prémios serão entregues na reitoria da Universidade de Lisboa a 27 de Junho.

O concurso já é organizado por mais de 900 universidades, espalhadas por 85 países. Para atingir a final desta terça-feira, os 12 candidatos submeteram um vídeo em que explicavam a importância e o impacto do seu trabalho de investigação em apenas três minutos e com um único diapositivo ou imagem como apoio. Além da Universidade de Lisboa, este concurso já decorreu nas universidades de Coimbra e do Porto.

Além dos três cientistas no pódio desta primeira edição lisboeta, estiveram entre os finalistas os investigadores Daniel Carvalho, Diogo Nunes, Inês Olaia, Joana Saraiva, João Januário, Lisa Senecal, Miguel Pinheiro, Pedro Viana e Rita Castel'Branco.

A par deste concurso, o PÚBLICO criou o Conta-nos a Tua Ciência, um espaço no qual todos os alunos de doutoramento da Universidade de Lisboa, de todos os anos, podem partilhar um pequeno texto sobre a sua investigação científica. Com esta iniciativa, que decorre até ao final de Dezembro deste ano, o PÚBLICO promove também o contacto directo dos cientistas com os leitores e estimula a utilização por parte da comunidade científica de uma linguagem mais simples e próxima da sociedade.

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