Portuguesa Coreflux lança trabalhadores digitais com base em inteligência artificial
Tecnológica apresentou dois trabalhadores digitais, Anselmo e Graham Bell, e prepara o terceiro projecto. Coreflux tem em Portugal o “laboratório” na antecâmara da expansão internacional.
A empresa tecnológica portuguesa Coreflux tem dois "grandes projectos" de inteligência artificial (IA), os trabalhadores digitais Anselmo e Graham Bell, e já está a trabalhar num terceiro "mais ambicioso", disse à Lusa o co-fundador Paulo Mota.
O lançamento destes projectos com base em IA decorreu na sexta-feira num evento na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa.
"Actualmente, temos dois grandes projectos de inteligência artificial, ambos na categoria de digital workers [trabalhadores digitais], e um terceiro mais ambicioso, ainda em desenvolvimento", acrescentou Paulo Mota.
O projecto Anselmo "é a versão mais capacitada dos nossos trabalhadores digitais, cuja funcionalidade inclui a interpretação de fluxos de trabalho industriais e a geração automática de código para criar aplicações que dêem resposta a esses requisitos", detalhou o co-fundador da Coreflux.
Por exemplo, numa situação em que um operador precisa que um robô de 6-eixos (braço robótico) cumpra uma função, "esta é descrita em linguagem natural, por texto ou voz, e o nosso trabalhador digital gera o código necessário correspondente e integra-o directamente na máquina, ficando esta capacitada para começar a produzir de acordo com as regras, instruções e limites que lhe foram atribuídos", descreveu Paulo Mota.
Entretanto, o mais recente trabalhador digital da empresa chama-se Graham Bell e é um assistente virtual que habita na comunidade Discord, "sendo projectado especificamente para actuar como um especialista técnico e, assim, apoiar a comunidade de integradores internos e externos da Coreflux", adiantou.
Paulo Mota disse que "esta é uma ferramenta inovadora na indústria, trabalhando em conjunto com o utilizador através de linguagem natural num processo de co-criação de soluções customizadas aos detalhes específicos das suas necessidades".
O Graham Bell "é capaz de interagir em tempo real, respondendo a perguntas, fornecendo suporte técnico, preparando configurações técnicas, e aconselhando sobre as melhores soluções para diferentes cenários" e "muito em breve, uma versão mais avançada deste será a face do nosso novo website, interagindo com os visitantes rumo à solução que procuram", referiu.
O co-fundador da Coreflux garantiu que a tecnológica tem "uma procura crescente" desta versão para implementar "em múltiplas indústrias que beneficiam directamente de suporte customizado e especializado".
No que respeita ao terceiro projecto assente em IA, "contamos em breve revelar mais novidades, podendo avançar apenas que temos estado activamente a desafiar as fronteiras das actuais tecnologias com novas perspectivas, no sentido de trazer ao mercado soluções de inovação nacional", acrescentou.
Quanto ao investimento inicial do projecto, Paulo Mota disse que "partiu de capitais próprios, validados pelo volume de vendas e grau de implementação" que a Coreflux já tinha no mercado.
"Foi nesse seguimento que se associou a este empreendimento um conjunto de investidores que preferem manter-se como silenciosos", que "avançaram com um plano de investimento inicial que ronda os dois milhões de euros, rumo à concretização de um projecto definido com um âmbito internacional", revelou.
A tecnológica dedica-se às áreas da Internet das Coisas Industrial - Industrial Internet-of-Things - e Dados e "surgiu como resultado de mais de duas décadas de experiência na indústria, em algumas das suas vertentes mais exigentes".
Sem adiantar valores, Paulo Mota explicou que "está já em curso uma primeira fase de procedimentos de contratação para o crescimento da equipa, bem como um processo de internacionalização suportado na criação de ramos da empresa em pontos geográficos estratégicos, com a formação de equipas locais".
"Prevemos a curto médio prazo a contratação de uma equipa de 25 pessoas", com o objectivo de "reforçar as capacidades de desenvolvimento de produto e marca, promover a inovação e potenciar a exportação das soluções de topo da engenharia nacional", referiu.
Paralelamente, a Coreflux tem também "quatro trabalhadores digitais internos, encarregues da gestão automatizada de projectos e processos documentais", sendo que a cada um destes elementos virtuais são atribuídos "nomes e narrativas próprias, potenciando, dessa forma, um maior envolvimento da equipa na manutenção e evolução das capacidades dos mesmos", descreveu.
Para a Coreflux, Portugal "é, antes de mais, o laboratório de desenvolvimento e validação de produto", mas tem planos de expansão a nível internacional, como os EUA, Brasil, Espanha, Alemanha, Polónia e Singapura, detalhou Paulo Mota.