Segunda edição

AINDA HÁ QUEM DÊ VALOR AO QUE IMPORTA E NÃO AO PÓ DAS COISAS TRANSITÓRIAS, E ÀQUILO QUE A TRAÇA E A FERRUGEM COMEM.

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O professor Espinosa entrou no recinto do asilo conduzindo o seu carro, um Ford Anglia grená. Esperavam-no, junto à entrada, a irmã dos gritos e a irmã gorda. O professor saiu do carro, cuspiu para o chão o cigarro que tinha na boca, cumprimentando-as com um aceno. Vestia um fato creme, a gravata entalada no cinto. A ponta de um lenço verde saía do bolso do casaco. Do carro, retirou duas caixas de cartão, que empilhou e transportou até à porta do asilo, de forma mais ou menos vacilante, devido ao peso delas. A irmã gorda abriu a porta para que ele passasse e a irmã dos óculos conduziu-o à sala que ficava imediatamente junto à entrada, uma sala grande, com a pedra das paredes enegrecida pelo fumo das velas. Duas janelas numa das paredes laterais e, na do fundo, um fresco muito desbotado com uma cena marítima. O professor pousou as caixas em cima da mesa de nogueira, sacudiu as mãos, tirou o casaco, pendurou o chapéu de feltro nas costas de uma cadeira, arregaçou as mangas da camisa e desatou a corda que prendia as caixas.

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