Martin Scorsese quer realizar novo filme sobre Jesus

Realizador de Killers of the Flower Moon fez o anúncio no sábado num encontro com o Papa Francisco. E passa a semana em Itália.

Foto
Martin Scorsese e a sua mulher Helen Morris no encontro com o Papa Francisco Vatican Media/REUTERS

O realizador norte-americano Martin Scorsese anunciou este fim-de-semana que pretende realizar um novo filme sobre Jesus, 35 anos depois de A Última Tentação de Cristo (1988), respondendo a um recente apelo do Papa Francisco aos artistas.

“Respondi ao apelo que o Papa fez aos artistas da única maneira que sei: imaginando e escrevendo um argumento para um filme sobre Jesus, e estou pronto para começar a fazê-lo”, adiantou o cineasta à publicação jesuíta La Civiltà Cattollica, em Roma.

Ao longo da sua carreira, Scorsese realizou filmes como A Cor do Dinheiro, Tudo Bons Rapazes, O Cabo do Medo, Casino, A Idade da Inocência, Gangues de Nova Iorque e o já referido e muito polémico A Última Tentação de Cristo.

Este mês, numa longa entrevista à publicação especializada Deadline, Scorsese lembrou que o propósito deste seu filme era “começar um diálogo sobre algo” que ainda lhe é caro: “A natureza – a verdadeira natureza – do amor, que pode ser deus, pode ser Jesus”. Baseado no livro homónimo do escritor grego Nikos Kazantzakis, A Última Tentação de Cristo teve Willem Dafoe como protagonista e gerou à época protestos e críticas perante a forma como Jesus Cristo foi retratado.

O realizador, que se deslocou à Europa para estrear no Festival de Cannes, no dia 20 de Maio, o seu mais recente filme, Killers of the Flower Moon, decidiu depois viajar até Itália, com a sua mulher Helen Morris. Foi recebido no Vaticano no sábado, numa curta audiência privada com o Papa Francisco, antes de participar numa conferência organizada pelo jornal La Civiltà Cattollica e pela Universidade de Georgetown, subordinada ao tema A estética global da imaginação católica.

O chefe de redacção desta publicação, Antonio Spadaro, divulgou depois no respectivo site, citado pela revista americana Variety, que na sua intervenção Scorsese alternou referências aos filmes com histórias pessoais e explicou como “o apelo do Santo Padre, ‘Deixe-nos ver Jesus’, o comoveu”. Referiu, a propósito, a admiração que nutre por O Evangelho Segundo São Mateus (1964), de Pier Paolo Pasolini, e também falou dos seus A Última Tentação de Cristo e Silêncio (2016), em que narra a perseguição de missionários jesuítas portugueses no Japão no século XVII. Francisco, recorde-se, é o primeiro Papa jesuíta da história do catolicismo.

Mas nem Scorsese, nem o seu agente Rick Yorn – este questionado pela Variety – adiantaram qualquer informação quanto ao novo filme sobre Jesus.

A agenda do realizador de Taxi Driver em Itália incluía ainda a exibição de vários filmes seus (e de filmes alheios que o influenciaram) na Cinemateca de Roma, esta segunda-feira, e de uma masterclass para estudantes de cinema, na terça. Na sexta-feira, já em Bolonha, terá lugar uma sessão pública na cinemateca local – sede do famoso arquivo de restauro Il Cinema Ritrovato –, que apresentará uma retrospectiva da sua obra.